Surgiu na praça uma nova categoria de indígenas contendo todos os ingredientes para causar grandes dores de cabeça às autoridades e produtores: são os “povos ressurgidos”.
O alerta foi dado pelo pesquisador Inácio Régis a partir das investigações que fez sobre a Gleba Nova Olinda, no Pará, onde algumas comunidades que lá habitam aguardam o veredicto da FUNAI se a área trata-se ou não de terra indígena. Segundo o administrador regional do órgão em Itaituba, Jaime Santos, a Funai fez um estudo na região e está considerando os indígenas de Santarém como “povos ressurgidos” e admitiu que a gleba Nova Olinda, atualmente, é o maior problema administrado pelo órgão. [1]
Três das 14 comunidades da gleba Nova Olinda - Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III - formada por ribeirinhos da região do rio Arapiuns, afirmam que são descendentes dos índios Borari e têm como bandeira a regularização de toda a gleba como terra indígena. A liderar o movimento encontra-se Odair José Sousa Alves, mais conhecido como cacique Odair Borari.
Régis colheu os relatos por escrito dos mais antigos moradores da região, como os irmãos Saturnina e Graciano Martinho, bisnetos dos primeiros habitantes da Gleba Nova Olinda, que afirmam que a colonização no local ocorreu por pessoas de origens diversas: paraenses, cearenses, maranhenses, rio-grandenses e até paraguaios e colombianos.
Mais contundente foi o depoimento de Basílio Matos dos Santos, tio que desempenhou a função de pai de Odair Borari, ao afirmar que o “cacique” não passa de um farsante. 'Eu sou tio do Odair, eu ajudei a criar esse menino desde que o pai dele morreu. O bisavô dele era rio-grandense, meu pai, avô de Odair, morava em Belém, nós nunca tivemos índio na família. Aqui no Maró, a gente se conhece uns aos outros e nunca teve índio nessa gleba, como concordar com uma mentira dessas?', afirmou Basílio, agregando que Odair, na verdade, é filho de Albino e dona Edite, moradores da comunidade Novo Lugar.
Interessante é que Basílio reclamou dos ditos índios por estarem impedindo a chegada do desenvolvimento às outras comunidades: “Por onde vamos tirar nossa produção se no verão tem uma cachoeira que não passa barco? Por onde vai chegar a energia Luz Para Todos? Pelo ar? O Odair eu ajudei a criar e, agora, esse moleque vem dizer que é cacique de índios que nunca existiu em nossa região e, muito menos em nossa família”, reclamou.
Régis montou a árvore genealógica de Odair Borari e descobriu que ele não tem nenhum parente indígena em seu passado. 'Conforme fartos relatos de antigos habitantes da Gleba, concedidos por escrito a mim, nem Odair, nem os membros que compõe as comunidades que, por indução, se autodeclararam índios, detém descendência étnica dos primitivos habitantes que habitaram a região', ressaltou.
Segundo Régis, o “cacique” Odair Borari assumiu a nova identidade depois que antropólogos da Funai, o frei Florêncio Vaz, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR) e integrantes do Greenpeace apareceram na região. Para o pesquisador, quem está por trás da farsa é o Greenpeace, com o objetivo de engessar a área do entorno da BR-163.
Alerta em Rede
Mais uma vez, fica provada a "seriedade" dos estudos antropológicos da FUNAI.
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sábado, 28 de novembro de 2009
"Povos ressurgidos", nova forma de fabricar índios
Surgiu na praça uma nova categoria de indígenas contendo todos os ingredientes para causar grandes dores de cabeça às autoridades e produtores: são os “povos ressurgidos”.
O alerta foi dado pelo pesquisador Inácio Régis a partir das investigações que fez sobre a Gleba Nova Olinda, no Pará, onde algumas comunidades que lá habitam aguardam o veredicto da FUNAI se a área trata-se ou não de terra indígena. Segundo o administrador regional do órgão em Itaituba, Jaime Santos, a Funai fez um estudo na região e está considerando os indígenas de Santarém como “povos ressurgidos” e admitiu que a gleba Nova Olinda, atualmente, é o maior problema administrado pelo órgão. [1]
Três das 14 comunidades da gleba Nova Olinda - Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III - formada por ribeirinhos da região do rio Arapiuns, afirmam que são descendentes dos índios Borari e têm como bandeira a regularização de toda a gleba como terra indígena. A liderar o movimento encontra-se Odair José Sousa Alves, mais conhecido como cacique Odair Borari.
Régis colheu os relatos por escrito dos mais antigos moradores da região, como os irmãos Saturnina e Graciano Martinho, bisnetos dos primeiros habitantes da Gleba Nova Olinda, que afirmam que a colonização no local ocorreu por pessoas de origens diversas: paraenses, cearenses, maranhenses, rio-grandenses e até paraguaios e colombianos.
Mais contundente foi o depoimento de Basílio Matos dos Santos, tio que desempenhou a função de pai de Odair Borari, ao afirmar que o “cacique” não passa de um farsante. 'Eu sou tio do Odair, eu ajudei a criar esse menino desde que o pai dele morreu. O bisavô dele era rio-grandense, meu pai, avô de Odair, morava em Belém, nós nunca tivemos índio na família. Aqui no Maró, a gente se conhece uns aos outros e nunca teve índio nessa gleba, como concordar com uma mentira dessas?', afirmou Basílio, agregando que Odair, na verdade, é filho de Albino e dona Edite, moradores da comunidade Novo Lugar.
Interessante é que Basílio reclamou dos ditos índios por estarem impedindo a chegada do desenvolvimento às outras comunidades: “Por onde vamos tirar nossa produção se no verão tem uma cachoeira que não passa barco? Por onde vai chegar a energia Luz Para Todos? Pelo ar? O Odair eu ajudei a criar e, agora, esse moleque vem dizer que é cacique de índios que nunca existiu em nossa região e, muito menos em nossa família”, reclamou.
Régis montou a árvore genealógica de Odair Borari e descobriu que ele não tem nenhum parente indígena em seu passado. 'Conforme fartos relatos de antigos habitantes da Gleba, concedidos por escrito a mim, nem Odair, nem os membros que compõe as comunidades que, por indução, se autodeclararam índios, detém descendência étnica dos primitivos habitantes que habitaram a região', ressaltou.
Segundo Régis, o “cacique” Odair Borari assumiu a nova identidade depois que antropólogos da Funai, o frei Florêncio Vaz, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR) e integrantes do Greenpeace apareceram na região. Para o pesquisador, quem está por trás da farsa é o Greenpeace, com o objetivo de engessar a área do entorno da BR-163.
Alerta em Rede
Mais uma vez, fica provada a "seriedade" dos estudos antropológicos da FUNAI.
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O alerta foi dado pelo pesquisador Inácio Régis a partir das investigações que fez sobre a Gleba Nova Olinda, no Pará, onde algumas comunidades que lá habitam aguardam o veredicto da FUNAI se a área trata-se ou não de terra indígena. Segundo o administrador regional do órgão em Itaituba, Jaime Santos, a Funai fez um estudo na região e está considerando os indígenas de Santarém como “povos ressurgidos” e admitiu que a gleba Nova Olinda, atualmente, é o maior problema administrado pelo órgão. [1]
Três das 14 comunidades da gleba Nova Olinda - Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III - formada por ribeirinhos da região do rio Arapiuns, afirmam que são descendentes dos índios Borari e têm como bandeira a regularização de toda a gleba como terra indígena. A liderar o movimento encontra-se Odair José Sousa Alves, mais conhecido como cacique Odair Borari.
Régis colheu os relatos por escrito dos mais antigos moradores da região, como os irmãos Saturnina e Graciano Martinho, bisnetos dos primeiros habitantes da Gleba Nova Olinda, que afirmam que a colonização no local ocorreu por pessoas de origens diversas: paraenses, cearenses, maranhenses, rio-grandenses e até paraguaios e colombianos.
Mais contundente foi o depoimento de Basílio Matos dos Santos, tio que desempenhou a função de pai de Odair Borari, ao afirmar que o “cacique” não passa de um farsante. 'Eu sou tio do Odair, eu ajudei a criar esse menino desde que o pai dele morreu. O bisavô dele era rio-grandense, meu pai, avô de Odair, morava em Belém, nós nunca tivemos índio na família. Aqui no Maró, a gente se conhece uns aos outros e nunca teve índio nessa gleba, como concordar com uma mentira dessas?', afirmou Basílio, agregando que Odair, na verdade, é filho de Albino e dona Edite, moradores da comunidade Novo Lugar.
Interessante é que Basílio reclamou dos ditos índios por estarem impedindo a chegada do desenvolvimento às outras comunidades: “Por onde vamos tirar nossa produção se no verão tem uma cachoeira que não passa barco? Por onde vai chegar a energia Luz Para Todos? Pelo ar? O Odair eu ajudei a criar e, agora, esse moleque vem dizer que é cacique de índios que nunca existiu em nossa região e, muito menos em nossa família”, reclamou.
Régis montou a árvore genealógica de Odair Borari e descobriu que ele não tem nenhum parente indígena em seu passado. 'Conforme fartos relatos de antigos habitantes da Gleba, concedidos por escrito a mim, nem Odair, nem os membros que compõe as comunidades que, por indução, se autodeclararam índios, detém descendência étnica dos primitivos habitantes que habitaram a região', ressaltou.
Segundo Régis, o “cacique” Odair Borari assumiu a nova identidade depois que antropólogos da Funai, o frei Florêncio Vaz, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR) e integrantes do Greenpeace apareceram na região. Para o pesquisador, quem está por trás da farsa é o Greenpeace, com o objetivo de engessar a área do entorno da BR-163.
Alerta em Rede
Mais uma vez, fica provada a "seriedade" dos estudos antropológicos da FUNAI.
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"Povos ressurgidos", nova forma de fabricar índios
Surgiu na praça uma nova categoria de indígenas contendo todos os ingredientes para causar grandes dores de cabeça às autoridades e produtores: são os “povos ressurgidos”.
O alerta foi dado pelo pesquisador Inácio Régis a partir das investigações que fez sobre a Gleba Nova Olinda, no Pará, onde algumas comunidades que lá habitam aguardam o veredicto da FUNAI se a área trata-se ou não de terra indígena. Segundo o administrador regional do órgão em Itaituba, Jaime Santos, a Funai fez um estudo na região e está considerando os indígenas de Santarém como “povos ressurgidos” e admitiu que a gleba Nova Olinda, atualmente, é o maior problema administrado pelo órgão. [1]
Três das 14 comunidades da gleba Nova Olinda - Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III - formada por ribeirinhos da região do rio Arapiuns, afirmam que são descendentes dos índios Borari e têm como bandeira a regularização de toda a gleba como terra indígena. A liderar o movimento encontra-se Odair José Sousa Alves, mais conhecido como cacique Odair Borari.
Régis colheu os relatos por escrito dos mais antigos moradores da região, como os irmãos Saturnina e Graciano Martinho, bisnetos dos primeiros habitantes da Gleba Nova Olinda, que afirmam que a colonização no local ocorreu por pessoas de origens diversas: paraenses, cearenses, maranhenses, rio-grandenses e até paraguaios e colombianos.
Mais contundente foi o depoimento de Basílio Matos dos Santos, tio que desempenhou a função de pai de Odair Borari, ao afirmar que o “cacique” não passa de um farsante. 'Eu sou tio do Odair, eu ajudei a criar esse menino desde que o pai dele morreu. O bisavô dele era rio-grandense, meu pai, avô de Odair, morava em Belém, nós nunca tivemos índio na família. Aqui no Maró, a gente se conhece uns aos outros e nunca teve índio nessa gleba, como concordar com uma mentira dessas?', afirmou Basílio, agregando que Odair, na verdade, é filho de Albino e dona Edite, moradores da comunidade Novo Lugar.
Interessante é que Basílio reclamou dos ditos índios por estarem impedindo a chegada do desenvolvimento às outras comunidades: “Por onde vamos tirar nossa produção se no verão tem uma cachoeira que não passa barco? Por onde vai chegar a energia Luz Para Todos? Pelo ar? O Odair eu ajudei a criar e, agora, esse moleque vem dizer que é cacique de índios que nunca existiu em nossa região e, muito menos em nossa família”, reclamou.
Régis montou a árvore genealógica de Odair Borari e descobriu que ele não tem nenhum parente indígena em seu passado. 'Conforme fartos relatos de antigos habitantes da Gleba, concedidos por escrito a mim, nem Odair, nem os membros que compõe as comunidades que, por indução, se autodeclararam índios, detém descendência étnica dos primitivos habitantes que habitaram a região', ressaltou.
Segundo Régis, o “cacique” Odair Borari assumiu a nova identidade depois que antropólogos da Funai, o frei Florêncio Vaz, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR) e integrantes do Greenpeace apareceram na região. Para o pesquisador, quem está por trás da farsa é o Greenpeace, com o objetivo de engessar a área do entorno da BR-163.
Alerta em Rede
Mais uma vez, fica provada a "seriedade" dos estudos antropológicos da FUNAI.
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O alerta foi dado pelo pesquisador Inácio Régis a partir das investigações que fez sobre a Gleba Nova Olinda, no Pará, onde algumas comunidades que lá habitam aguardam o veredicto da FUNAI se a área trata-se ou não de terra indígena. Segundo o administrador regional do órgão em Itaituba, Jaime Santos, a Funai fez um estudo na região e está considerando os indígenas de Santarém como “povos ressurgidos” e admitiu que a gleba Nova Olinda, atualmente, é o maior problema administrado pelo órgão. [1]
Três das 14 comunidades da gleba Nova Olinda - Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III - formada por ribeirinhos da região do rio Arapiuns, afirmam que são descendentes dos índios Borari e têm como bandeira a regularização de toda a gleba como terra indígena. A liderar o movimento encontra-se Odair José Sousa Alves, mais conhecido como cacique Odair Borari.
Régis colheu os relatos por escrito dos mais antigos moradores da região, como os irmãos Saturnina e Graciano Martinho, bisnetos dos primeiros habitantes da Gleba Nova Olinda, que afirmam que a colonização no local ocorreu por pessoas de origens diversas: paraenses, cearenses, maranhenses, rio-grandenses e até paraguaios e colombianos.
Mais contundente foi o depoimento de Basílio Matos dos Santos, tio que desempenhou a função de pai de Odair Borari, ao afirmar que o “cacique” não passa de um farsante. 'Eu sou tio do Odair, eu ajudei a criar esse menino desde que o pai dele morreu. O bisavô dele era rio-grandense, meu pai, avô de Odair, morava em Belém, nós nunca tivemos índio na família. Aqui no Maró, a gente se conhece uns aos outros e nunca teve índio nessa gleba, como concordar com uma mentira dessas?', afirmou Basílio, agregando que Odair, na verdade, é filho de Albino e dona Edite, moradores da comunidade Novo Lugar.
Interessante é que Basílio reclamou dos ditos índios por estarem impedindo a chegada do desenvolvimento às outras comunidades: “Por onde vamos tirar nossa produção se no verão tem uma cachoeira que não passa barco? Por onde vai chegar a energia Luz Para Todos? Pelo ar? O Odair eu ajudei a criar e, agora, esse moleque vem dizer que é cacique de índios que nunca existiu em nossa região e, muito menos em nossa família”, reclamou.
Régis montou a árvore genealógica de Odair Borari e descobriu que ele não tem nenhum parente indígena em seu passado. 'Conforme fartos relatos de antigos habitantes da Gleba, concedidos por escrito a mim, nem Odair, nem os membros que compõe as comunidades que, por indução, se autodeclararam índios, detém descendência étnica dos primitivos habitantes que habitaram a região', ressaltou.
Segundo Régis, o “cacique” Odair Borari assumiu a nova identidade depois que antropólogos da Funai, o frei Florêncio Vaz, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR) e integrantes do Greenpeace apareceram na região. Para o pesquisador, quem está por trás da farsa é o Greenpeace, com o objetivo de engessar a área do entorno da BR-163.
Alerta em Rede
Mais uma vez, fica provada a "seriedade" dos estudos antropológicos da FUNAI.
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Lembrança do 27 de novembro
Lembrar o episódio de 1935 é importante, é ético e moral.
A esquerda, depois da criação da URSS e da longa ditadura de Stálin - que em seu país era imposta pela força policial e no resto do mundo pela força do dinheiro e pelo comportamento natural dos ressentidos com a vida e de inteligência estreita -, especializou-se em esconder a verdade, os fatos históricos. E, nas últimas décadas, com a democratização da cultura e a quebra do monopólio comunista nos meios intelectuais, onde ainda é muito presente, deram para justificar o injustificável.
Acabamos de assistir a esta novela hondurenha, em que a imprensa mundial insistiu em falar em golpe, quando o presidente foi deposto pelo Congresso e pelo Judiciário. O único erro foi terem deportado-o. Mas tem sido sempre assim, quando se justificam as mortes causadas por Guevara, friamente, nos primórdios da Revolução cubana e pelos integrantes da luta armada no Brasil, que são apresentados como que heróis "na luta contra a ditadura". Farsa, desonestidade. Em primeiro lugar, vivemos um período autoritário, mas nunca ditatorial. O Congresso funcionou, com raras interrupções, como a feita por ocasião da edição do AI-5 e no governo Geisel. No entanto, ficou aberto nos três demais governos. Em segundo, é que nem os membros da luta armada negam que eram comunistas, revolucionários e queriam implantar modelo de governo à semelhança de Cuba.
Agora, uma cortina de silêncio é imposta aos nossos militares em relação ao 27 de novembro, data da Intentona Comunista no Rio, Natal e Recife. Episódio histórico, em que oficiais chegaram a ser assassinados por companheiros enquanto dormiam. Os acontecimentos foram fartamente noticiados na ocasião, livros foram escritos - inclusive o de Helio Silva, insuspeito historiador da República - e os militares sempre lembraram seus mortos, como alerta para que a ignomínia nunca venha a se repetir.
Getulio Vargas, depois, a todos anistiou. Muitos voltaram à vida política e à partidária, até 64 e depois da anistia de 79, com João Figueiredo. São muitos os depoimentos que confirmam a violência e a barbaridade do movimento. Mas os militares, que escolhem a carreira por amor à Pátria e desprendimento, nunca foram buscar nos cofres públicos benesses para as famílias dos seus mortos ou de seus heróis, como o Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio, e o então Tenente Dinarte Mariz, no Rio Grande do Norte.
No entanto, não faltam os que desejam negar os fatos, na mesma linha que hoje os radicais iranianos querem negar o holocausto. Todos vinhos da mesma pipa, como se diz popularmente. Mentem, sabem que estão mentindo, mas aprenderam assim com Lênin e, assim, vão continuar. No caso brasileiro, negam-se a leitura dos jornais, muitos que ainda circulam, que noticiaram 35 e depois 64, que foi um movimento cívico, com respaldo militar.
Lembrar 35 é importante, é ético e moral. Saber o que alguns pensam desta página de nossa história também é importante para avaliação. Não podemos esquecer os riscos que corremos no passado e que não estão de todo afastados da América Latina, que sofre um retardo social e econômico em relação às nações mais cultas. E mais: demora a assimilar as mudanças do mundo, como a democracia que alcançamos e que pode ser usada, nesta fase, para o controle das liberdades de empreender (pela via das restrições ambientais e violações do direito à propriedade, por exemplo) e de imprensa. Aliás, esta foi a grande surpresa das esquerdas, já que a imprensa resiste a uma nota só, embora ainda se mantenha presa ao passado cuidadosamente costurado ao longo de décadas. Temos uma nova geração, independente, mas ainda envenenada pelo martelar de anos de mistificação. Muita gente chegou a pensar que nos EUA não existiam comunistas nem esquerdistas, pois estes, quando no poder, com Franklin Roosevelt, passaram a ser denominados de "liberais", na melhor técnica da dialética leninista.
Os homens de boa vontade, sejam de que posição for, sabem que 27 de novembro de 1935 é uma data para não ser esquecida.
Aristoteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
.
A esquerda, depois da criação da URSS e da longa ditadura de Stálin - que em seu país era imposta pela força policial e no resto do mundo pela força do dinheiro e pelo comportamento natural dos ressentidos com a vida e de inteligência estreita -, especializou-se em esconder a verdade, os fatos históricos. E, nas últimas décadas, com a democratização da cultura e a quebra do monopólio comunista nos meios intelectuais, onde ainda é muito presente, deram para justificar o injustificável.
Acabamos de assistir a esta novela hondurenha, em que a imprensa mundial insistiu em falar em golpe, quando o presidente foi deposto pelo Congresso e pelo Judiciário. O único erro foi terem deportado-o. Mas tem sido sempre assim, quando se justificam as mortes causadas por Guevara, friamente, nos primórdios da Revolução cubana e pelos integrantes da luta armada no Brasil, que são apresentados como que heróis "na luta contra a ditadura". Farsa, desonestidade. Em primeiro lugar, vivemos um período autoritário, mas nunca ditatorial. O Congresso funcionou, com raras interrupções, como a feita por ocasião da edição do AI-5 e no governo Geisel. No entanto, ficou aberto nos três demais governos. Em segundo, é que nem os membros da luta armada negam que eram comunistas, revolucionários e queriam implantar modelo de governo à semelhança de Cuba.
Agora, uma cortina de silêncio é imposta aos nossos militares em relação ao 27 de novembro, data da Intentona Comunista no Rio, Natal e Recife. Episódio histórico, em que oficiais chegaram a ser assassinados por companheiros enquanto dormiam. Os acontecimentos foram fartamente noticiados na ocasião, livros foram escritos - inclusive o de Helio Silva, insuspeito historiador da República - e os militares sempre lembraram seus mortos, como alerta para que a ignomínia nunca venha a se repetir.
Getulio Vargas, depois, a todos anistiou. Muitos voltaram à vida política e à partidária, até 64 e depois da anistia de 79, com João Figueiredo. São muitos os depoimentos que confirmam a violência e a barbaridade do movimento. Mas os militares, que escolhem a carreira por amor à Pátria e desprendimento, nunca foram buscar nos cofres públicos benesses para as famílias dos seus mortos ou de seus heróis, como o Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio, e o então Tenente Dinarte Mariz, no Rio Grande do Norte.
No entanto, não faltam os que desejam negar os fatos, na mesma linha que hoje os radicais iranianos querem negar o holocausto. Todos vinhos da mesma pipa, como se diz popularmente. Mentem, sabem que estão mentindo, mas aprenderam assim com Lênin e, assim, vão continuar. No caso brasileiro, negam-se a leitura dos jornais, muitos que ainda circulam, que noticiaram 35 e depois 64, que foi um movimento cívico, com respaldo militar.
Lembrar 35 é importante, é ético e moral. Saber o que alguns pensam desta página de nossa história também é importante para avaliação. Não podemos esquecer os riscos que corremos no passado e que não estão de todo afastados da América Latina, que sofre um retardo social e econômico em relação às nações mais cultas. E mais: demora a assimilar as mudanças do mundo, como a democracia que alcançamos e que pode ser usada, nesta fase, para o controle das liberdades de empreender (pela via das restrições ambientais e violações do direito à propriedade, por exemplo) e de imprensa. Aliás, esta foi a grande surpresa das esquerdas, já que a imprensa resiste a uma nota só, embora ainda se mantenha presa ao passado cuidadosamente costurado ao longo de décadas. Temos uma nova geração, independente, mas ainda envenenada pelo martelar de anos de mistificação. Muita gente chegou a pensar que nos EUA não existiam comunistas nem esquerdistas, pois estes, quando no poder, com Franklin Roosevelt, passaram a ser denominados de "liberais", na melhor técnica da dialética leninista.
Os homens de boa vontade, sejam de que posição for, sabem que 27 de novembro de 1935 é uma data para não ser esquecida.
Aristoteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
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Lembrança do 27 de novembro
Lembrar o episódio de 1935 é importante, é ético e moral.
A esquerda, depois da criação da URSS e da longa ditadura de Stálin - que em seu país era imposta pela força policial e no resto do mundo pela força do dinheiro e pelo comportamento natural dos ressentidos com a vida e de inteligência estreita -, especializou-se em esconder a verdade, os fatos históricos. E, nas últimas décadas, com a democratização da cultura e a quebra do monopólio comunista nos meios intelectuais, onde ainda é muito presente, deram para justificar o injustificável.
Acabamos de assistir a esta novela hondurenha, em que a imprensa mundial insistiu em falar em golpe, quando o presidente foi deposto pelo Congresso e pelo Judiciário. O único erro foi terem deportado-o. Mas tem sido sempre assim, quando se justificam as mortes causadas por Guevara, friamente, nos primórdios da Revolução cubana e pelos integrantes da luta armada no Brasil, que são apresentados como que heróis "na luta contra a ditadura". Farsa, desonestidade. Em primeiro lugar, vivemos um período autoritário, mas nunca ditatorial. O Congresso funcionou, com raras interrupções, como a feita por ocasião da edição do AI-5 e no governo Geisel. No entanto, ficou aberto nos três demais governos. Em segundo, é que nem os membros da luta armada negam que eram comunistas, revolucionários e queriam implantar modelo de governo à semelhança de Cuba.
Agora, uma cortina de silêncio é imposta aos nossos militares em relação ao 27 de novembro, data da Intentona Comunista no Rio, Natal e Recife. Episódio histórico, em que oficiais chegaram a ser assassinados por companheiros enquanto dormiam. Os acontecimentos foram fartamente noticiados na ocasião, livros foram escritos - inclusive o de Helio Silva, insuspeito historiador da República - e os militares sempre lembraram seus mortos, como alerta para que a ignomínia nunca venha a se repetir.
Getulio Vargas, depois, a todos anistiou. Muitos voltaram à vida política e à partidária, até 64 e depois da anistia de 79, com João Figueiredo. São muitos os depoimentos que confirmam a violência e a barbaridade do movimento. Mas os militares, que escolhem a carreira por amor à Pátria e desprendimento, nunca foram buscar nos cofres públicos benesses para as famílias dos seus mortos ou de seus heróis, como o Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio, e o então Tenente Dinarte Mariz, no Rio Grande do Norte.
No entanto, não faltam os que desejam negar os fatos, na mesma linha que hoje os radicais iranianos querem negar o holocausto. Todos vinhos da mesma pipa, como se diz popularmente. Mentem, sabem que estão mentindo, mas aprenderam assim com Lênin e, assim, vão continuar. No caso brasileiro, negam-se a leitura dos jornais, muitos que ainda circulam, que noticiaram 35 e depois 64, que foi um movimento cívico, com respaldo militar.
Lembrar 35 é importante, é ético e moral. Saber o que alguns pensam desta página de nossa história também é importante para avaliação. Não podemos esquecer os riscos que corremos no passado e que não estão de todo afastados da América Latina, que sofre um retardo social e econômico em relação às nações mais cultas. E mais: demora a assimilar as mudanças do mundo, como a democracia que alcançamos e que pode ser usada, nesta fase, para o controle das liberdades de empreender (pela via das restrições ambientais e violações do direito à propriedade, por exemplo) e de imprensa. Aliás, esta foi a grande surpresa das esquerdas, já que a imprensa resiste a uma nota só, embora ainda se mantenha presa ao passado cuidadosamente costurado ao longo de décadas. Temos uma nova geração, independente, mas ainda envenenada pelo martelar de anos de mistificação. Muita gente chegou a pensar que nos EUA não existiam comunistas nem esquerdistas, pois estes, quando no poder, com Franklin Roosevelt, passaram a ser denominados de "liberais", na melhor técnica da dialética leninista.
Os homens de boa vontade, sejam de que posição for, sabem que 27 de novembro de 1935 é uma data para não ser esquecida.
Aristoteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
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A esquerda, depois da criação da URSS e da longa ditadura de Stálin - que em seu país era imposta pela força policial e no resto do mundo pela força do dinheiro e pelo comportamento natural dos ressentidos com a vida e de inteligência estreita -, especializou-se em esconder a verdade, os fatos históricos. E, nas últimas décadas, com a democratização da cultura e a quebra do monopólio comunista nos meios intelectuais, onde ainda é muito presente, deram para justificar o injustificável.
Acabamos de assistir a esta novela hondurenha, em que a imprensa mundial insistiu em falar em golpe, quando o presidente foi deposto pelo Congresso e pelo Judiciário. O único erro foi terem deportado-o. Mas tem sido sempre assim, quando se justificam as mortes causadas por Guevara, friamente, nos primórdios da Revolução cubana e pelos integrantes da luta armada no Brasil, que são apresentados como que heróis "na luta contra a ditadura". Farsa, desonestidade. Em primeiro lugar, vivemos um período autoritário, mas nunca ditatorial. O Congresso funcionou, com raras interrupções, como a feita por ocasião da edição do AI-5 e no governo Geisel. No entanto, ficou aberto nos três demais governos. Em segundo, é que nem os membros da luta armada negam que eram comunistas, revolucionários e queriam implantar modelo de governo à semelhança de Cuba.
Agora, uma cortina de silêncio é imposta aos nossos militares em relação ao 27 de novembro, data da Intentona Comunista no Rio, Natal e Recife. Episódio histórico, em que oficiais chegaram a ser assassinados por companheiros enquanto dormiam. Os acontecimentos foram fartamente noticiados na ocasião, livros foram escritos - inclusive o de Helio Silva, insuspeito historiador da República - e os militares sempre lembraram seus mortos, como alerta para que a ignomínia nunca venha a se repetir.
Getulio Vargas, depois, a todos anistiou. Muitos voltaram à vida política e à partidária, até 64 e depois da anistia de 79, com João Figueiredo. São muitos os depoimentos que confirmam a violência e a barbaridade do movimento. Mas os militares, que escolhem a carreira por amor à Pátria e desprendimento, nunca foram buscar nos cofres públicos benesses para as famílias dos seus mortos ou de seus heróis, como o Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio, e o então Tenente Dinarte Mariz, no Rio Grande do Norte.
No entanto, não faltam os que desejam negar os fatos, na mesma linha que hoje os radicais iranianos querem negar o holocausto. Todos vinhos da mesma pipa, como se diz popularmente. Mentem, sabem que estão mentindo, mas aprenderam assim com Lênin e, assim, vão continuar. No caso brasileiro, negam-se a leitura dos jornais, muitos que ainda circulam, que noticiaram 35 e depois 64, que foi um movimento cívico, com respaldo militar.
Lembrar 35 é importante, é ético e moral. Saber o que alguns pensam desta página de nossa história também é importante para avaliação. Não podemos esquecer os riscos que corremos no passado e que não estão de todo afastados da América Latina, que sofre um retardo social e econômico em relação às nações mais cultas. E mais: demora a assimilar as mudanças do mundo, como a democracia que alcançamos e que pode ser usada, nesta fase, para o controle das liberdades de empreender (pela via das restrições ambientais e violações do direito à propriedade, por exemplo) e de imprensa. Aliás, esta foi a grande surpresa das esquerdas, já que a imprensa resiste a uma nota só, embora ainda se mantenha presa ao passado cuidadosamente costurado ao longo de décadas. Temos uma nova geração, independente, mas ainda envenenada pelo martelar de anos de mistificação. Muita gente chegou a pensar que nos EUA não existiam comunistas nem esquerdistas, pois estes, quando no poder, com Franklin Roosevelt, passaram a ser denominados de "liberais", na melhor técnica da dialética leninista.
Os homens de boa vontade, sejam de que posição for, sabem que 27 de novembro de 1935 é uma data para não ser esquecida.
Aristoteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
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Lembrança do 27 de novembro
Lembrar o episódio de 1935 é importante, é ético e moral.
A esquerda, depois da criação da URSS e da longa ditadura de Stálin - que em seu país era imposta pela força policial e no resto do mundo pela força do dinheiro e pelo comportamento natural dos ressentidos com a vida e de inteligência estreita -, especializou-se em esconder a verdade, os fatos históricos. E, nas últimas décadas, com a democratização da cultura e a quebra do monopólio comunista nos meios intelectuais, onde ainda é muito presente, deram para justificar o injustificável.
Acabamos de assistir a esta novela hondurenha, em que a imprensa mundial insistiu em falar em golpe, quando o presidente foi deposto pelo Congresso e pelo Judiciário. O único erro foi terem deportado-o. Mas tem sido sempre assim, quando se justificam as mortes causadas por Guevara, friamente, nos primórdios da Revolução cubana e pelos integrantes da luta armada no Brasil, que são apresentados como que heróis "na luta contra a ditadura". Farsa, desonestidade. Em primeiro lugar, vivemos um período autoritário, mas nunca ditatorial. O Congresso funcionou, com raras interrupções, como a feita por ocasião da edição do AI-5 e no governo Geisel. No entanto, ficou aberto nos três demais governos. Em segundo, é que nem os membros da luta armada negam que eram comunistas, revolucionários e queriam implantar modelo de governo à semelhança de Cuba.
Agora, uma cortina de silêncio é imposta aos nossos militares em relação ao 27 de novembro, data da Intentona Comunista no Rio, Natal e Recife. Episódio histórico, em que oficiais chegaram a ser assassinados por companheiros enquanto dormiam. Os acontecimentos foram fartamente noticiados na ocasião, livros foram escritos - inclusive o de Helio Silva, insuspeito historiador da República - e os militares sempre lembraram seus mortos, como alerta para que a ignomínia nunca venha a se repetir.
Getulio Vargas, depois, a todos anistiou. Muitos voltaram à vida política e à partidária, até 64 e depois da anistia de 79, com João Figueiredo. São muitos os depoimentos que confirmam a violência e a barbaridade do movimento. Mas os militares, que escolhem a carreira por amor à Pátria e desprendimento, nunca foram buscar nos cofres públicos benesses para as famílias dos seus mortos ou de seus heróis, como o Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio, e o então Tenente Dinarte Mariz, no Rio Grande do Norte.
No entanto, não faltam os que desejam negar os fatos, na mesma linha que hoje os radicais iranianos querem negar o holocausto. Todos vinhos da mesma pipa, como se diz popularmente. Mentem, sabem que estão mentindo, mas aprenderam assim com Lênin e, assim, vão continuar. No caso brasileiro, negam-se a leitura dos jornais, muitos que ainda circulam, que noticiaram 35 e depois 64, que foi um movimento cívico, com respaldo militar.
Lembrar 35 é importante, é ético e moral. Saber o que alguns pensam desta página de nossa história também é importante para avaliação. Não podemos esquecer os riscos que corremos no passado e que não estão de todo afastados da América Latina, que sofre um retardo social e econômico em relação às nações mais cultas. E mais: demora a assimilar as mudanças do mundo, como a democracia que alcançamos e que pode ser usada, nesta fase, para o controle das liberdades de empreender (pela via das restrições ambientais e violações do direito à propriedade, por exemplo) e de imprensa. Aliás, esta foi a grande surpresa das esquerdas, já que a imprensa resiste a uma nota só, embora ainda se mantenha presa ao passado cuidadosamente costurado ao longo de décadas. Temos uma nova geração, independente, mas ainda envenenada pelo martelar de anos de mistificação. Muita gente chegou a pensar que nos EUA não existiam comunistas nem esquerdistas, pois estes, quando no poder, com Franklin Roosevelt, passaram a ser denominados de "liberais", na melhor técnica da dialética leninista.
Os homens de boa vontade, sejam de que posição for, sabem que 27 de novembro de 1935 é uma data para não ser esquecida.
Aristoteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
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A esquerda, depois da criação da URSS e da longa ditadura de Stálin - que em seu país era imposta pela força policial e no resto do mundo pela força do dinheiro e pelo comportamento natural dos ressentidos com a vida e de inteligência estreita -, especializou-se em esconder a verdade, os fatos históricos. E, nas últimas décadas, com a democratização da cultura e a quebra do monopólio comunista nos meios intelectuais, onde ainda é muito presente, deram para justificar o injustificável.
Acabamos de assistir a esta novela hondurenha, em que a imprensa mundial insistiu em falar em golpe, quando o presidente foi deposto pelo Congresso e pelo Judiciário. O único erro foi terem deportado-o. Mas tem sido sempre assim, quando se justificam as mortes causadas por Guevara, friamente, nos primórdios da Revolução cubana e pelos integrantes da luta armada no Brasil, que são apresentados como que heróis "na luta contra a ditadura". Farsa, desonestidade. Em primeiro lugar, vivemos um período autoritário, mas nunca ditatorial. O Congresso funcionou, com raras interrupções, como a feita por ocasião da edição do AI-5 e no governo Geisel. No entanto, ficou aberto nos três demais governos. Em segundo, é que nem os membros da luta armada negam que eram comunistas, revolucionários e queriam implantar modelo de governo à semelhança de Cuba.
Agora, uma cortina de silêncio é imposta aos nossos militares em relação ao 27 de novembro, data da Intentona Comunista no Rio, Natal e Recife. Episódio histórico, em que oficiais chegaram a ser assassinados por companheiros enquanto dormiam. Os acontecimentos foram fartamente noticiados na ocasião, livros foram escritos - inclusive o de Helio Silva, insuspeito historiador da República - e os militares sempre lembraram seus mortos, como alerta para que a ignomínia nunca venha a se repetir.
Getulio Vargas, depois, a todos anistiou. Muitos voltaram à vida política e à partidária, até 64 e depois da anistia de 79, com João Figueiredo. São muitos os depoimentos que confirmam a violência e a barbaridade do movimento. Mas os militares, que escolhem a carreira por amor à Pátria e desprendimento, nunca foram buscar nos cofres públicos benesses para as famílias dos seus mortos ou de seus heróis, como o Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio, e o então Tenente Dinarte Mariz, no Rio Grande do Norte.
No entanto, não faltam os que desejam negar os fatos, na mesma linha que hoje os radicais iranianos querem negar o holocausto. Todos vinhos da mesma pipa, como se diz popularmente. Mentem, sabem que estão mentindo, mas aprenderam assim com Lênin e, assim, vão continuar. No caso brasileiro, negam-se a leitura dos jornais, muitos que ainda circulam, que noticiaram 35 e depois 64, que foi um movimento cívico, com respaldo militar.
Lembrar 35 é importante, é ético e moral. Saber o que alguns pensam desta página de nossa história também é importante para avaliação. Não podemos esquecer os riscos que corremos no passado e que não estão de todo afastados da América Latina, que sofre um retardo social e econômico em relação às nações mais cultas. E mais: demora a assimilar as mudanças do mundo, como a democracia que alcançamos e que pode ser usada, nesta fase, para o controle das liberdades de empreender (pela via das restrições ambientais e violações do direito à propriedade, por exemplo) e de imprensa. Aliás, esta foi a grande surpresa das esquerdas, já que a imprensa resiste a uma nota só, embora ainda se mantenha presa ao passado cuidadosamente costurado ao longo de décadas. Temos uma nova geração, independente, mas ainda envenenada pelo martelar de anos de mistificação. Muita gente chegou a pensar que nos EUA não existiam comunistas nem esquerdistas, pois estes, quando no poder, com Franklin Roosevelt, passaram a ser denominados de "liberais", na melhor técnica da dialética leninista.
Os homens de boa vontade, sejam de que posição for, sabem que 27 de novembro de 1935 é uma data para não ser esquecida.
Aristoteles Drummond é jornalista e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
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CNBB: Uma organização comunista revolucionária que precisa ser extinta
A CNBB não tem nenhuma autoridade na hierarquia da Igreja Católica. Ela é um “poder paralelo” sem legitimidade e portanto, para o bem da Igreja, ela precisa ser extinta.
O PAPEL NEFASTO DA CNBB
Jomar Martins
O apoio da esquerda católica à causa da reforma agrária socialista vem maculando os verdadeiros princípios da Igreja de Roma e afastando os fiéis dos templos. Os menos esclarecidos não sabem distinguir o joio do trigo e chegam a tomar os propósitos do MST como iguais aos da Igreja.
Com o objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares, e para divulgar o verdadeiro propósito da Igreja Católica, o advogado paranaense André F. Falleiro Garcia resolveu criar o site Sacralidade, em outubro de 2008.
Nesta entrevista exclusiva, Falleiro explica como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aderiu à luta pela reforma agrária e de que forma se transformou num ‘‘poder paralelo’’ que vem solapando o estado de direito, ao criar as bases para implantação do comunismo no País. ‘‘Enquanto os bispos não cortarem a própria carne e extirparem este órgão malsão, veremos o aprofundamento dos conflitos no campo e o declínio da própria fé católica’’, resume.
Afora o tom crítico, André Falleiro Garcia frisou que sua opinião não importava em ataque pessoal contra nenhum prelado católico. Ao enunciar com serenidade seu próprio pensamento, insistiu que guardava a consideração e a fidelidade “devidas aos membros da Sagrada Hierarquia na medida estabelecida pela doutrina católica tradicional”. E não deixou de fazer um “cortês convite ao diálogo”, estendido a todos que discordem de sua opinião.
E N T R E V I S T A
Jomar Martins — Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?
André F. Falleiro Garcia — Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo — no clero e nas associações dirigidas por leigos — promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 60, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançou o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.
P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?
R — Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.
P — O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?
R — Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.
P — O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?
R — Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente [e legalmente] condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.
P — A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?
R — Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas.
P — O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?
R — Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O então arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.
P — O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?
R — O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.
Sacralidade
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O PAPEL NEFASTO DA CNBB
Jomar Martins
O apoio da esquerda católica à causa da reforma agrária socialista vem maculando os verdadeiros princípios da Igreja de Roma e afastando os fiéis dos templos. Os menos esclarecidos não sabem distinguir o joio do trigo e chegam a tomar os propósitos do MST como iguais aos da Igreja.
Com o objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares, e para divulgar o verdadeiro propósito da Igreja Católica, o advogado paranaense André F. Falleiro Garcia resolveu criar o site Sacralidade, em outubro de 2008.
Nesta entrevista exclusiva, Falleiro explica como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aderiu à luta pela reforma agrária e de que forma se transformou num ‘‘poder paralelo’’ que vem solapando o estado de direito, ao criar as bases para implantação do comunismo no País. ‘‘Enquanto os bispos não cortarem a própria carne e extirparem este órgão malsão, veremos o aprofundamento dos conflitos no campo e o declínio da própria fé católica’’, resume.
Afora o tom crítico, André Falleiro Garcia frisou que sua opinião não importava em ataque pessoal contra nenhum prelado católico. Ao enunciar com serenidade seu próprio pensamento, insistiu que guardava a consideração e a fidelidade “devidas aos membros da Sagrada Hierarquia na medida estabelecida pela doutrina católica tradicional”. E não deixou de fazer um “cortês convite ao diálogo”, estendido a todos que discordem de sua opinião.
E N T R E V I S T A
Jomar Martins — Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?
André F. Falleiro Garcia — Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo — no clero e nas associações dirigidas por leigos — promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 60, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançou o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.
P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?
R — Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.
P — O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?
R — Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.
P — O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?
R — Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente [e legalmente] condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.
P — A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?
R — Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas.
P — O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?
R — Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O então arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.
P — O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?
R — O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.
Sacralidade
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CNBB: Uma organização comunista revolucionária que precisa ser extinta
A CNBB não tem nenhuma autoridade na hierarquia da Igreja Católica. Ela é um “poder paralelo” sem legitimidade e portanto, para o bem da Igreja, ela precisa ser extinta.
O PAPEL NEFASTO DA CNBB
Jomar Martins
O apoio da esquerda católica à causa da reforma agrária socialista vem maculando os verdadeiros princípios da Igreja de Roma e afastando os fiéis dos templos. Os menos esclarecidos não sabem distinguir o joio do trigo e chegam a tomar os propósitos do MST como iguais aos da Igreja.
Com o objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares, e para divulgar o verdadeiro propósito da Igreja Católica, o advogado paranaense André F. Falleiro Garcia resolveu criar o site Sacralidade, em outubro de 2008.
Nesta entrevista exclusiva, Falleiro explica como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aderiu à luta pela reforma agrária e de que forma se transformou num ‘‘poder paralelo’’ que vem solapando o estado de direito, ao criar as bases para implantação do comunismo no País. ‘‘Enquanto os bispos não cortarem a própria carne e extirparem este órgão malsão, veremos o aprofundamento dos conflitos no campo e o declínio da própria fé católica’’, resume.
Afora o tom crítico, André Falleiro Garcia frisou que sua opinião não importava em ataque pessoal contra nenhum prelado católico. Ao enunciar com serenidade seu próprio pensamento, insistiu que guardava a consideração e a fidelidade “devidas aos membros da Sagrada Hierarquia na medida estabelecida pela doutrina católica tradicional”. E não deixou de fazer um “cortês convite ao diálogo”, estendido a todos que discordem de sua opinião.
E N T R E V I S T A
Jomar Martins — Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?
André F. Falleiro Garcia — Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo — no clero e nas associações dirigidas por leigos — promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 60, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançou o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.
P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?
R — Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.
P — O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?
R — Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.
P — O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?
R — Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente [e legalmente] condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.
P — A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?
R — Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas.
P — O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?
R — Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O então arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.
P — O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?
R — O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.
Sacralidade
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O PAPEL NEFASTO DA CNBB
Jomar Martins
O apoio da esquerda católica à causa da reforma agrária socialista vem maculando os verdadeiros princípios da Igreja de Roma e afastando os fiéis dos templos. Os menos esclarecidos não sabem distinguir o joio do trigo e chegam a tomar os propósitos do MST como iguais aos da Igreja.
Com o objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares, e para divulgar o verdadeiro propósito da Igreja Católica, o advogado paranaense André F. Falleiro Garcia resolveu criar o site Sacralidade, em outubro de 2008.
Nesta entrevista exclusiva, Falleiro explica como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aderiu à luta pela reforma agrária e de que forma se transformou num ‘‘poder paralelo’’ que vem solapando o estado de direito, ao criar as bases para implantação do comunismo no País. ‘‘Enquanto os bispos não cortarem a própria carne e extirparem este órgão malsão, veremos o aprofundamento dos conflitos no campo e o declínio da própria fé católica’’, resume.
Afora o tom crítico, André Falleiro Garcia frisou que sua opinião não importava em ataque pessoal contra nenhum prelado católico. Ao enunciar com serenidade seu próprio pensamento, insistiu que guardava a consideração e a fidelidade “devidas aos membros da Sagrada Hierarquia na medida estabelecida pela doutrina católica tradicional”. E não deixou de fazer um “cortês convite ao diálogo”, estendido a todos que discordem de sua opinião.
E N T R E V I S T A
Jomar Martins — Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?
André F. Falleiro Garcia — Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo — no clero e nas associações dirigidas por leigos — promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 60, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançou o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.
P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?
R — Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.
P — O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?
R — Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.
P — O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?
R — Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente [e legalmente] condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.
P — A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?
R — Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas.
P — O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?
R — Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O então arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.
P — O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?
R — O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.
Sacralidade
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CNBB: Uma organização comunista revolucionária que precisa ser extinta
A CNBB não tem nenhuma autoridade na hierarquia da Igreja Católica. Ela é um “poder paralelo” sem legitimidade e portanto, para o bem da Igreja, ela precisa ser extinta.
O PAPEL NEFASTO DA CNBB
Jomar Martins
O apoio da esquerda católica à causa da reforma agrária socialista vem maculando os verdadeiros princípios da Igreja de Roma e afastando os fiéis dos templos. Os menos esclarecidos não sabem distinguir o joio do trigo e chegam a tomar os propósitos do MST como iguais aos da Igreja.
Com o objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares, e para divulgar o verdadeiro propósito da Igreja Católica, o advogado paranaense André F. Falleiro Garcia resolveu criar o site Sacralidade, em outubro de 2008.
Nesta entrevista exclusiva, Falleiro explica como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aderiu à luta pela reforma agrária e de que forma se transformou num ‘‘poder paralelo’’ que vem solapando o estado de direito, ao criar as bases para implantação do comunismo no País. ‘‘Enquanto os bispos não cortarem a própria carne e extirparem este órgão malsão, veremos o aprofundamento dos conflitos no campo e o declínio da própria fé católica’’, resume.
Afora o tom crítico, André Falleiro Garcia frisou que sua opinião não importava em ataque pessoal contra nenhum prelado católico. Ao enunciar com serenidade seu próprio pensamento, insistiu que guardava a consideração e a fidelidade “devidas aos membros da Sagrada Hierarquia na medida estabelecida pela doutrina católica tradicional”. E não deixou de fazer um “cortês convite ao diálogo”, estendido a todos que discordem de sua opinião.
E N T R E V I S T A
Jomar Martins — Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?
André F. Falleiro Garcia — Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo — no clero e nas associações dirigidas por leigos — promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 60, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançou o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.
P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?
R — Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.
P — O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?
R — Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.
P — O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?
R — Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente [e legalmente] condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.
P — A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?
R — Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas.
P — O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?
R — Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O então arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.
P — O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?
R — O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.
Sacralidade
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O PAPEL NEFASTO DA CNBB
Jomar Martins
O apoio da esquerda católica à causa da reforma agrária socialista vem maculando os verdadeiros princípios da Igreja de Roma e afastando os fiéis dos templos. Os menos esclarecidos não sabem distinguir o joio do trigo e chegam a tomar os propósitos do MST como iguais aos da Igreja.
Com o objetivo de colocar as coisas em seus devidos lugares, e para divulgar o verdadeiro propósito da Igreja Católica, o advogado paranaense André F. Falleiro Garcia resolveu criar o site Sacralidade, em outubro de 2008.
Nesta entrevista exclusiva, Falleiro explica como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aderiu à luta pela reforma agrária e de que forma se transformou num ‘‘poder paralelo’’ que vem solapando o estado de direito, ao criar as bases para implantação do comunismo no País. ‘‘Enquanto os bispos não cortarem a própria carne e extirparem este órgão malsão, veremos o aprofundamento dos conflitos no campo e o declínio da própria fé católica’’, resume.
Afora o tom crítico, André Falleiro Garcia frisou que sua opinião não importava em ataque pessoal contra nenhum prelado católico. Ao enunciar com serenidade seu próprio pensamento, insistiu que guardava a consideração e a fidelidade “devidas aos membros da Sagrada Hierarquia na medida estabelecida pela doutrina católica tradicional”. E não deixou de fazer um “cortês convite ao diálogo”, estendido a todos que discordem de sua opinião.
E N T R E V I S T A
Jomar Martins — Em que momento a Igreja Católica resolveu encampar as chamadas ‘‘lutas sociais’’ no Brasil?
André F. Falleiro Garcia — Até praticamente o final da década de 40, predominava no ambiente religioso brasileiro o catolicismo conservador. A ortodoxia doutrinária era uma característica generalizada que ainda se notava no clero e nas associações religiosas de leigos. A grande controvérsia que houve na Ação Católica, em 1943, serviu como freio para impedir o avanço do esquerdismo. Mas, em 1952, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Teve como primeiro secretário-geral Dom Helder Câmara (falecido em 1999), que era então bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Este prelado, de fato, mereceu ser chamado de “Arcebispo Vermelho”. Os anos 50 foram marcados pela intensa fermentação do esquerdismo — no clero e nas associações dirigidas por leigos — promovida pela CNBB e Dom Helder Câmara. De modo que, em 1960, a esquerda católica já estava articulada e pronta para a atuação pública direcionada às ditas “demandas sociais”. Em toda a década de 60, houve acirrada polêmica nos meios católicos. A esquerda católica foi, então, fortemente combatida no plano ideológico. Vale citar a atuação do movimento de leigos ligados ao jornal Catolicismo, dirigidos por Plínio Corrêa de Oliveira. Nesta luta, também se destacaram o bispo de Campos (RJ), Dom Antônio de Castro Mayer, e o de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud. Todos travaram calorosa polêmica com os agrorreformistas católicos. Quando estalou a campanha agrorreformista no Brasil, no início dos anos 60, este grupo, por meio dos dois bispos, um líder católico leigo e um economista, lançou o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência. Era o contraponto no mundo católico.
P — Houve um fato marcante, considerado divisor de águas?
R — Sim. Há um fato simbólico que pode ser considerado como o início da atuação pública da esquerda católica. De forma bombástica, em 5 de dezembro de 1960, numa transmissão coletiva, as TVs Tupi, Paulista e Record entraram em cadeia para levar a São Paulo e ao Brasil um pronunciamento da mais alta importância, favorável à reforma agrária a ser aplicada no Estado. Participaram e fizeram uso da palavra Dom Helder Câmara, secretário-geral da CNBB, e mais seis bispos. Sob os holofotes da mídia televisiva, Dom Helder leu trechos da Declaração dos Arcebispos e Bispos presentes à Reunião das Províncias Eclesiásticas de São Paulo. De fato, todo o episcopado paulista tinha acabado de se reunir, sob a presidência do cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, e havia estudado o Projeto de Revisão Agrária (Projeto de Lei nº 154/60 e seu Substitutivo). Tal projeto fora proposto pelo governador democrata-cristão do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Os bispos, nessa Declaração, diziam que se sentiam felizes de poder afirmar que se tratava de um projeto de lei de reforma agrária “inspirado nos princípios da doutrina social da Igreja”. Mencionavam a Carta Pastoral Coletiva dos Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil, de 1951, em que havia um longo trecho sobre reforma agrária, que começava dizendo: “A Igreja não tem o direito de ser indiferente à reforma agrária”. E também citavam outro pronunciamento de todo o Episcopado do Brasil, feito em 1958, sobre a reforma agrária. A meu ver, foi o espetaculoso pronunciamento destes bispos, em 1960, assistido na TV por milhões de pessoas, que marcou o início da ação pública, em larga escala, da esquerda católica engajada na promoção de uma vasta campanha agrorreformista.
P — O Partido Comunista Brasileiro é o pioneiro da reivindicação da reforma agrária no Brasil, desde os anos 20 do século passado. O que levou a CNBB, desde a sua fundação, a abraçar esta causa revolucionária comunista?
R — Seria forçado e não corresponderia à realidade brasileira afirmar, simplesmente, que o Partido Comunista (PC) se infiltrou na Igreja Católica e a dominou. Afinal, o PC brasileiro sempre foi um anão, uma coisa liliputiana mesmo. O que se passou, de certo modo, foi o contrário. A força propulsora da esquerda é que proveio do setor católico. Foi significativa a participação católica para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), nos anos 80, possuíam oitenta mil núcleos e arregimentavam um milhão e meio de ativistas. É a origem de incontáveis ativistas que se engajaram nas “causas sociais”. A Igreja Católica entrou na luta revolucionária, porque houve uma infiltração do esquerdismo em seu interior. O clero esquerdista reuniu leigos e organizou movimentos sociais, os quais, por sua vez, promoveram a agitação social. E essa infiltração ideológica não pode ser atribuída exclusivamente ao PC. Na realidade, desde os anos 50, seminaristas e sacerdotes novos iam à Europa fazer cursos e completar sua formação religiosa. Em geral, voltavam convencidos das idéias esquerdistas. E aqui começavam a colocar em prática os novos métodos de ação apreendidos no exterior. Não se pode desconsiderar, entretanto, a possibilidade de certa infiltração propriamente comunista na Igreja.
P — O apoio da CNBB a invasões e depredações a propriedades privadas não é imoral, considerando que a Igreja se assenta sobre valores elevados de conduta?
R — Estes atos são imorais por dupla razão. Primeiro, por violar dois mandamentos sagrados do Decálogo: não roubarás; não cobiçarás as coisas alheias. E, em segundo, por violar frontalmente o instituto da propriedade privada, que o estado democrático de direito protege, conforme previsão constitucional. Assim, é moralmente [e legalmente] condenável o ataque a propriedades privadas, feito por grupos do MST e seus congêneres. O apoio que recebem da Igreja, por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), não legitima moralmente estas invasões. É imoral toda a contribuição que a CPT proporciona para o esbulho das propriedades dos particulares. Como, aliás, também é imoral a desapropriação confiscatória, feita pelo Estado brasileiro, a preço vil e com finalidades socialistas. Sob o ponto de vista da moral cristã, conforme a tradicional doutrina social católica, todos os que executam ou apóiam ações contra os legítimos proprietários cometem pecado mortal. Os que se apossam de terras por esse meio imoral não podem ser absolvidos em confissão, se não as restituem aos seus legítimos donos.
P — A Igreja assume, então, um esforço deliberado de minar o instituto da propriedade privada?
R — Eu não diria que toda a Igreja trilha este caminho. Mas é verdade que os maus pastores estão minando o direito de propriedade em nosso país. E isso é muito grave. Não fossem estes, os ditos “movimentos sociais” (MST, Quilombolas, Indigenistas, Ambientalistas) perderiam o melhor do seu dinamismo. Para compreender o que acontece no interior da Igreja, seria preciso levar em conta que ela passa por um processo de autodemolição, conforme alertou o Papa Paulo VI já nos anos 70. Esta crise penetrou nas estruturas da Igreja Católica em todas as nações onde está instalada. Talvez o maior fator de promoção da autodemolição no Brasil seja a CNBB. Cada bispo, em sua diocese, presta contas e está diretamente ligado ao chefe da Igreja, o Papa. Este sistema se revelou o mais apropriado ao longo de quase dois mil anos. Mas, nos anos 50, houve uma mudança na gestão que afetou os pilares da hierarquia: foram criadas as Conferências Episcopais, órgãos colegiados representativos da classe. A CNBB, criada em 1952, não faz parte da hierarquia da Igreja, mas age como se fosse a chefia de fato da Igreja Católica no Brasil. Com isso, usurpa a autoridade dos bispos e exerce sobre eles um férreo controle de opinião e de ação. Ademais, a CNBB — por meio de seu órgão que cuida da questão indígena (o Conselho Indigenista Missionário-CIMI) e do que trata da questão agrária (a CPT) — faz o papel de acelerador da revolução socialista no Brasil. Logo, a Igreja Católica, numa primeira leitura, não está toda ela comprometida com estes crimes. Na agitação agrária, estão engajados a CNBB, com seus braços de agitação social, e alguns bispos marcadamente esquerdistas.
P — O sr. pode citar um exemplo de como age a CNBB?
R — Exemplos não faltam. Na questão indígena, o aborto e o infanticídio são promovidos nas tribos sob o olhar complacente dos agentes do CIMI. Mas vamos pegar o caso recente da menina de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e engravidou de gêmeos. O então arcebispo de Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou publicamente que o Código Canônico previa a pena de excomunhão automática para todos os envolvidos. Excetuou, apenas, a criança de nove anos, por imaturidade. Em seguida, manifestou-se o cardeal Giovanni Battista Re, titular da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, que considerou como “justa a excomunhão de quem provoca um aborto”. Até aí, nota-se a coragem do arcebispo de Recife, apoiada pelo cardeal romano, que também fez a defesa da cultura da vida. Não bastasse a estrondosa campanha midiática que sobreveio logo em seguida contra Dom José Sobrinho, também a CNBB encarregou-se de demolir o posicionamento dele. Por meio de seu secretário-geral, bispo Dom Dimas Lara Barbosa, a CNBB desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão. A CNBB atuou como se fosse a chefia da Igreja Católica no Brasil. Assim, desacreditou D. José Sobrinho. Em última análise, prevaleceu a impunidade: não ficam excomungados os envolvidos no aborto dos gêmeos. E, em mais um lance autodemolidor, entrou no jogo outro bispo do Vaticano, Dom Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Este, ao invés de condenar a cultura da morte, como seria sua obrigação, também desautorizou e desacreditou Dom José Sobrinho. Assim, acredito que a extinção deste órgão representativo eclesiástico seria uma medida oportuna e salutar, indispensável para que a Igreja Católica vença a grave crise que a aflige.
P — O Vaticano tem conhecimento da situação? Apóia este viés revolucionário?
R — O Vaticano tem conhecimento da situação. Chegou a tomar uma atitude, embora tímida, há alguns anos, em relação ao ex-frei Leonardo Boff. Houve também pronunciamentos de João Paulo II a este respeito em Puebla (México). Mas não há, desde o Concílio Vaticano II (outubro de 1962 a dezembro de 1965), infelizmente, uma voz clara e unívoca na Igreja, a respeito da questão socialista e comunista, como nos tempos de Leão XIII, S. Pio X, Pio XI e Pio XII. No plano doutrinário, houve a rejeição do marxismo na encíclica Centesimus Annus, de João Paulo II, editada em maio de 1991. Contudo, no plano prático, nota-se a contradição e a incoerência. Por exemplo: em 1974, o cardeal Agostino Casaroli, então Secretário de Estado do Vaticano, numa visita a Cuba, fez um pronunciamento que levava os católicos a não mais se oporem ao comunismo. Mais recentemente, já no pontificado de Bento XVI, o atual Secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, também numa visita a Cuba, emitiu declarações semelhantes às que fez o cardeal Casaroli. O que se observa é que dentro da Igreja Católica há um entrechoque de opiniões. Estas divergências envolvem tanto prelados quanto leigos. Os que discordam da política eclesial de aproximação e favorecimento do socialismo e do comunismo podem, de modo legítimo, se afirmar em estado de resistência.
Sacralidade
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sábado, 21 de novembro de 2009
PT quer controle absoluto sobre a imprensa
Cada vez mais precisaremos ler jornais estrangeiros para saber o que se passa aqui, pois apesar do monopólio governamental quase absoluto exercido sobre a mídia, ainda querem mais. E não medirão esforços para acabar com o pouco que resta de liberdade de expressão.
El PT brasileño pide un mayor control de la prensa
El partido de Lula propone sanciones a empresas periodísticas
El Partido de los Trabajadores (PT) de Brasil, que oficialmente es el partido del presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, aunque no siempre mantengan relaciones idílicas, ha vuelto a insistir en que se deben institucionalizar las sanciones a las empresas periodísticas y que la sociedad debe tener mayor control sobre las mismas, en la línea de otros países latinoamericanos, como Venezuela o Argentina.
No es la primera vez que el PT, insatisfecho con los periódicos y televisiones privadas, intenta poner límites a la libertad de expresión con la excusa de evitar monopolios en la información y de favorecer una mayor participación ciudadana en la gestión de dichas empresas.
Ahora, la dirección nacional del que fue el mayor partido de izquierdas de América Latina y que en 2005 se vio envuelto en un gran escándalo de corrupción desvelado por la prensa y que puso a Lula al borde de la dimisión, acaba de aprobar un texto en el que propone la creación de mecanismos sancionadores a la prensa, al mismo tiempo que sugiere cambios en las concesiones al sector de la comunicación, que, según el partido, es anacrónico y autoritario, y "privilegia grupos comerciales en detrimento de los intereses de la población".
Algunos analistas políticos han subrayado que lo que la población busca en los medios de comunicación es una total libertad de información, ya se trate de medios públicos o privados.
Para sustituir el modelo actual, el PT propone el fortalecimiento de los medios de comunicación públicos estatales, la regulación de los contenidos de la información con mecanismos de control público y una nueva legislación sobre el derecho de respuesta, entre otras cosas.
Para los especialistas en el campo de la información, lo que sugiere el PT con el nuevo documento es más bien "una tentativa de un creciente control ideológico de la información", en declaraciones del catedrático Carlos Alberto di Franco al diario O Globo. Recuerda también que las empresas brasileñas de comunicación "dieron siempre ejemplo histórico de su compromiso en defensa de la democracia" y que "los periodistas combartieron la dictadura militar en defensa de una sociedad abierta y plural" como es la actual.
Hoy es sabido que ni el PT es Lula ni Lula es el PT, ya que el ex sindicalista brilla con luz propia. No sería la primera vez que se pronuncia en contra de decisiones de su partido si ahora lo hiciera. De hecho, hasta el momento, todas los intentos del Partido de los Trabajadores para amordazar a la prensa y a los periodistas han fracasado cuando han llegado a las instancias del Gobierno, por lo que no sería extraño que también en esta enésima ocasión la iniciativa acabe en agua de borrajas.
El País
.
El PT brasileño pide un mayor control de la prensa
El partido de Lula propone sanciones a empresas periodísticas
El Partido de los Trabajadores (PT) de Brasil, que oficialmente es el partido del presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, aunque no siempre mantengan relaciones idílicas, ha vuelto a insistir en que se deben institucionalizar las sanciones a las empresas periodísticas y que la sociedad debe tener mayor control sobre las mismas, en la línea de otros países latinoamericanos, como Venezuela o Argentina.
No es la primera vez que el PT, insatisfecho con los periódicos y televisiones privadas, intenta poner límites a la libertad de expresión con la excusa de evitar monopolios en la información y de favorecer una mayor participación ciudadana en la gestión de dichas empresas.
Ahora, la dirección nacional del que fue el mayor partido de izquierdas de América Latina y que en 2005 se vio envuelto en un gran escándalo de corrupción desvelado por la prensa y que puso a Lula al borde de la dimisión, acaba de aprobar un texto en el que propone la creación de mecanismos sancionadores a la prensa, al mismo tiempo que sugiere cambios en las concesiones al sector de la comunicación, que, según el partido, es anacrónico y autoritario, y "privilegia grupos comerciales en detrimento de los intereses de la población".
Algunos analistas políticos han subrayado que lo que la población busca en los medios de comunicación es una total libertad de información, ya se trate de medios públicos o privados.
Para sustituir el modelo actual, el PT propone el fortalecimiento de los medios de comunicación públicos estatales, la regulación de los contenidos de la información con mecanismos de control público y una nueva legislación sobre el derecho de respuesta, entre otras cosas.
Para los especialistas en el campo de la información, lo que sugiere el PT con el nuevo documento es más bien "una tentativa de un creciente control ideológico de la información", en declaraciones del catedrático Carlos Alberto di Franco al diario O Globo. Recuerda también que las empresas brasileñas de comunicación "dieron siempre ejemplo histórico de su compromiso en defensa de la democracia" y que "los periodistas combartieron la dictadura militar en defensa de una sociedad abierta y plural" como es la actual.
Hoy es sabido que ni el PT es Lula ni Lula es el PT, ya que el ex sindicalista brilla con luz propia. No sería la primera vez que se pronuncia en contra de decisiones de su partido si ahora lo hiciera. De hecho, hasta el momento, todas los intentos del Partido de los Trabajadores para amordazar a la prensa y a los periodistas han fracasado cuando han llegado a las instancias del Gobierno, por lo que no sería extraño que también en esta enésima ocasión la iniciativa acabe en agua de borrajas.
El País
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PT quer controle absoluto sobre a imprensa
Cada vez mais precisaremos ler jornais estrangeiros para saber o que se passa aqui, pois apesar do monopólio governamental quase absoluto exercido sobre a mídia, ainda querem mais. E não medirão esforços para acabar com o pouco que resta de liberdade de expressão.
El PT brasileño pide un mayor control de la prensa
El partido de Lula propone sanciones a empresas periodísticas
El Partido de los Trabajadores (PT) de Brasil, que oficialmente es el partido del presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, aunque no siempre mantengan relaciones idílicas, ha vuelto a insistir en que se deben institucionalizar las sanciones a las empresas periodísticas y que la sociedad debe tener mayor control sobre las mismas, en la línea de otros países latinoamericanos, como Venezuela o Argentina.
No es la primera vez que el PT, insatisfecho con los periódicos y televisiones privadas, intenta poner límites a la libertad de expresión con la excusa de evitar monopolios en la información y de favorecer una mayor participación ciudadana en la gestión de dichas empresas.
Ahora, la dirección nacional del que fue el mayor partido de izquierdas de América Latina y que en 2005 se vio envuelto en un gran escándalo de corrupción desvelado por la prensa y que puso a Lula al borde de la dimisión, acaba de aprobar un texto en el que propone la creación de mecanismos sancionadores a la prensa, al mismo tiempo que sugiere cambios en las concesiones al sector de la comunicación, que, según el partido, es anacrónico y autoritario, y "privilegia grupos comerciales en detrimento de los intereses de la población".
Algunos analistas políticos han subrayado que lo que la población busca en los medios de comunicación es una total libertad de información, ya se trate de medios públicos o privados.
Para sustituir el modelo actual, el PT propone el fortalecimiento de los medios de comunicación públicos estatales, la regulación de los contenidos de la información con mecanismos de control público y una nueva legislación sobre el derecho de respuesta, entre otras cosas.
Para los especialistas en el campo de la información, lo que sugiere el PT con el nuevo documento es más bien "una tentativa de un creciente control ideológico de la información", en declaraciones del catedrático Carlos Alberto di Franco al diario O Globo. Recuerda también que las empresas brasileñas de comunicación "dieron siempre ejemplo histórico de su compromiso en defensa de la democracia" y que "los periodistas combartieron la dictadura militar en defensa de una sociedad abierta y plural" como es la actual.
Hoy es sabido que ni el PT es Lula ni Lula es el PT, ya que el ex sindicalista brilla con luz propia. No sería la primera vez que se pronuncia en contra de decisiones de su partido si ahora lo hiciera. De hecho, hasta el momento, todas los intentos del Partido de los Trabajadores para amordazar a la prensa y a los periodistas han fracasado cuando han llegado a las instancias del Gobierno, por lo que no sería extraño que también en esta enésima ocasión la iniciativa acabe en agua de borrajas.
El País
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El PT brasileño pide un mayor control de la prensa
El partido de Lula propone sanciones a empresas periodísticas
El Partido de los Trabajadores (PT) de Brasil, que oficialmente es el partido del presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, aunque no siempre mantengan relaciones idílicas, ha vuelto a insistir en que se deben institucionalizar las sanciones a las empresas periodísticas y que la sociedad debe tener mayor control sobre las mismas, en la línea de otros países latinoamericanos, como Venezuela o Argentina.
No es la primera vez que el PT, insatisfecho con los periódicos y televisiones privadas, intenta poner límites a la libertad de expresión con la excusa de evitar monopolios en la información y de favorecer una mayor participación ciudadana en la gestión de dichas empresas.
Ahora, la dirección nacional del que fue el mayor partido de izquierdas de América Latina y que en 2005 se vio envuelto en un gran escándalo de corrupción desvelado por la prensa y que puso a Lula al borde de la dimisión, acaba de aprobar un texto en el que propone la creación de mecanismos sancionadores a la prensa, al mismo tiempo que sugiere cambios en las concesiones al sector de la comunicación, que, según el partido, es anacrónico y autoritario, y "privilegia grupos comerciales en detrimento de los intereses de la población".
Algunos analistas políticos han subrayado que lo que la población busca en los medios de comunicación es una total libertad de información, ya se trate de medios públicos o privados.
Para sustituir el modelo actual, el PT propone el fortalecimiento de los medios de comunicación públicos estatales, la regulación de los contenidos de la información con mecanismos de control público y una nueva legislación sobre el derecho de respuesta, entre otras cosas.
Para los especialistas en el campo de la información, lo que sugiere el PT con el nuevo documento es más bien "una tentativa de un creciente control ideológico de la información", en declaraciones del catedrático Carlos Alberto di Franco al diario O Globo. Recuerda también que las empresas brasileñas de comunicación "dieron siempre ejemplo histórico de su compromiso en defensa de la democracia" y que "los periodistas combartieron la dictadura militar en defensa de una sociedad abierta y plural" como es la actual.
Hoy es sabido que ni el PT es Lula ni Lula es el PT, ya que el ex sindicalista brilla con luz propia. No sería la primera vez que se pronuncia en contra de decisiones de su partido si ahora lo hiciera. De hecho, hasta el momento, todas los intentos del Partido de los Trabajadores para amordazar a la prensa y a los periodistas han fracasado cuando han llegado a las instancias del Gobierno, por lo que no sería extraño que también en esta enésima ocasión la iniciativa acabe en agua de borrajas.
El País
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PT quer controle absoluto sobre a imprensa
Cada vez mais precisaremos ler jornais estrangeiros para saber o que se passa aqui, pois apesar do monopólio governamental quase absoluto exercido sobre a mídia, ainda querem mais. E não medirão esforços para acabar com o pouco que resta de liberdade de expressão.
El PT brasileño pide un mayor control de la prensa
El partido de Lula propone sanciones a empresas periodísticas
El Partido de los Trabajadores (PT) de Brasil, que oficialmente es el partido del presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, aunque no siempre mantengan relaciones idílicas, ha vuelto a insistir en que se deben institucionalizar las sanciones a las empresas periodísticas y que la sociedad debe tener mayor control sobre las mismas, en la línea de otros países latinoamericanos, como Venezuela o Argentina.
No es la primera vez que el PT, insatisfecho con los periódicos y televisiones privadas, intenta poner límites a la libertad de expresión con la excusa de evitar monopolios en la información y de favorecer una mayor participación ciudadana en la gestión de dichas empresas.
Ahora, la dirección nacional del que fue el mayor partido de izquierdas de América Latina y que en 2005 se vio envuelto en un gran escándalo de corrupción desvelado por la prensa y que puso a Lula al borde de la dimisión, acaba de aprobar un texto en el que propone la creación de mecanismos sancionadores a la prensa, al mismo tiempo que sugiere cambios en las concesiones al sector de la comunicación, que, según el partido, es anacrónico y autoritario, y "privilegia grupos comerciales en detrimento de los intereses de la población".
Algunos analistas políticos han subrayado que lo que la población busca en los medios de comunicación es una total libertad de información, ya se trate de medios públicos o privados.
Para sustituir el modelo actual, el PT propone el fortalecimiento de los medios de comunicación públicos estatales, la regulación de los contenidos de la información con mecanismos de control público y una nueva legislación sobre el derecho de respuesta, entre otras cosas.
Para los especialistas en el campo de la información, lo que sugiere el PT con el nuevo documento es más bien "una tentativa de un creciente control ideológico de la información", en declaraciones del catedrático Carlos Alberto di Franco al diario O Globo. Recuerda también que las empresas brasileñas de comunicación "dieron siempre ejemplo histórico de su compromiso en defensa de la democracia" y que "los periodistas combartieron la dictadura militar en defensa de una sociedad abierta y plural" como es la actual.
Hoy es sabido que ni el PT es Lula ni Lula es el PT, ya que el ex sindicalista brilla con luz propia. No sería la primera vez que se pronuncia en contra de decisiones de su partido si ahora lo hiciera. De hecho, hasta el momento, todas los intentos del Partido de los Trabajadores para amordazar a la prensa y a los periodistas han fracasado cuando han llegado a las instancias del Gobierno, por lo que no sería extraño que también en esta enésima ocasión la iniciativa acabe en agua de borrajas.
El País
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El PT brasileño pide un mayor control de la prensa
El partido de Lula propone sanciones a empresas periodísticas
El Partido de los Trabajadores (PT) de Brasil, que oficialmente es el partido del presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, aunque no siempre mantengan relaciones idílicas, ha vuelto a insistir en que se deben institucionalizar las sanciones a las empresas periodísticas y que la sociedad debe tener mayor control sobre las mismas, en la línea de otros países latinoamericanos, como Venezuela o Argentina.
No es la primera vez que el PT, insatisfecho con los periódicos y televisiones privadas, intenta poner límites a la libertad de expresión con la excusa de evitar monopolios en la información y de favorecer una mayor participación ciudadana en la gestión de dichas empresas.
Ahora, la dirección nacional del que fue el mayor partido de izquierdas de América Latina y que en 2005 se vio envuelto en un gran escándalo de corrupción desvelado por la prensa y que puso a Lula al borde de la dimisión, acaba de aprobar un texto en el que propone la creación de mecanismos sancionadores a la prensa, al mismo tiempo que sugiere cambios en las concesiones al sector de la comunicación, que, según el partido, es anacrónico y autoritario, y "privilegia grupos comerciales en detrimento de los intereses de la población".
Algunos analistas políticos han subrayado que lo que la población busca en los medios de comunicación es una total libertad de información, ya se trate de medios públicos o privados.
Para sustituir el modelo actual, el PT propone el fortalecimiento de los medios de comunicación públicos estatales, la regulación de los contenidos de la información con mecanismos de control público y una nueva legislación sobre el derecho de respuesta, entre otras cosas.
Para los especialistas en el campo de la información, lo que sugiere el PT con el nuevo documento es más bien "una tentativa de un creciente control ideológico de la información", en declaraciones del catedrático Carlos Alberto di Franco al diario O Globo. Recuerda también que las empresas brasileñas de comunicación "dieron siempre ejemplo histórico de su compromiso en defensa de la democracia" y que "los periodistas combartieron la dictadura militar en defensa de una sociedad abierta y plural" como es la actual.
Hoy es sabido que ni el PT es Lula ni Lula es el PT, ya que el ex sindicalista brilla con luz propia. No sería la primera vez que se pronuncia en contra de decisiones de su partido si ahora lo hiciera. De hecho, hasta el momento, todas los intentos del Partido de los Trabajadores para amordazar a la prensa y a los periodistas han fracasado cuando han llegado a las instancias del Gobierno, por lo que no sería extraño que también en esta enésima ocasión la iniciativa acabe en agua de borrajas.
El País
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Milícias de indígenas recebem treinamento das Farc.
Milícia indígena pede aval do Ministério Público para usar armas
Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.
A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.
No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.
Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos e porte de armas de fogo e branca.
Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do MPF (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.
Gasperin disse à Folha que o MPF vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a PF.
"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."
Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".
Os índios chamam as milícias de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e alegam que as criaram porque a PF e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região. PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias, formadas por índios ex-soldados do Exército.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
PF investiga elo das Farc com milícias de indígenas no AM
A Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos supostamente cometidos por milícias de índios brasileiros na fronteira com a Colômbia e o Peru e o treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Essas milícias foram criadas neste ano para combater o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias. Os integrantes rejeitam o rótulo de milícias e afirmam ser uma "polícia indígena".
Dizem que a organização, chamada de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio), foi criada porque PF e Funai não impediam a alta incidência de crimes na região do Alto Solimões.
Entre os 36 mil ticunas, dizem ter 1.500 voluntários (3% são mulheres), muitos recrutados entre egressos do Exército. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias.
A PF suspeita que elas recebem treinamento das Farc, mas se nega a comentar o tema. Os indícios da relação das milícias com a guerrilha surgiram na comunidade de Campo Alegre, em São Paulo de Olivença, onde há 300 milicianos. Uma hipótese é um possível interesse das Farc no fortalecimento de um grupo paramilitar aliado; a outra, a de que guerrilheiros se solidarizam porque há ticunas nas fileiras das Farc.
O antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, especialista em ticunas do Museu Nacional da UFRJ, diz que os índios podem estar sendo atingidos "de raspão" pela disputa por drogas na região. Para ele, as milícias são "cópias do sistema do branco" e podem estar sendo usadas contra o interesse dos índios.
A Folha visitou três comunidades onde há milícias. Elas têm hierarquia definida (delegados, soldados) e usam cassetetes de madeira e espingardas de caça. Dizem que não ganham salário. Vestem uniformes pretos e coturno.
A PF abriu inquérito para investigar homicídio, tortura e extorsão. Uma das mortes investigadas ocorreu em São Paulo de Olivença (AM). Em setembro, o corpo de um índio foi achado carbonizado e com as pernas acorrentadas. O motivo seria o envolvimento com feitiçaria. "Estamos preocupados com a possibilidade de que eles extrapolem os limites dos direitos humanos", disse o delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas.
Nas comunidades de Belém do Solimões e Umariaçu 2, em Tabatinga, e Filadélfia, em Benjamin Constant, as milícias decretaram toque de recolher às 21h para crianças e jovens, que faziam brigas nas ruas. Drogados e bêbados podem ser trancados, às vezes a pedido da família, por três dias em celas improvisadas em barracões. Há relatos de espancamento.
A criação dessa "polícia" tem respaldo em despacho de dezembro de 2008 do Ministério Público Federal em Tabatinga. Nele, a procuradora Maria Clara Noleto escreve que a vontade dos índios "é legítima".
De fevereiro a outubro deste ano, os ticunas criaram oito companhias da Piasol em Tabatinga, Benjamin Constant, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá (cidade na qual os cocamas criaram uma milícia). A maioria dos índios as aprova, mas condena os abusos.
Na madrugada do dia 2, em Belém de Solimões (AM), índios apedrejaram milicianos, que responderam a tiros. Houve 11 feridos. O motivo da revolta foi a apreensão de cachaça e cerveja. Os revoltosos atearam fogo no alojamento da milícia. Tiros de espingarda calibres 12 e 16 atingiram inocentes. O miliciano João Gaspar Vitorino, 36, diz que eles se defenderam: "O delegado [da milícia] autorizou a arma para a nossa proteção".
PF e Funai afirmam que as milícias são ilegais. Para o delegado Sérgio Fontes, a organização usurpa atribuições do Estado e a falta de policiais não justifica sua criação. Fontes diz que, na região dos ticunas, a PF combate o tráfico de drogas, para o qual índios entram como "mulas", atravessando a fronteira pelos rios.
A presidência da Funai afirmou que não apoia a milícia e que realiza sua política de vigilância com Ibama e PF. A procuradora Maria Clara disse que, apesar de ter usado o termo "espécie de polícia" no despacho, a ideia não era essa. "A atividade de polícia não é só de repressão, é também de orientação." Para ela, houve extrapolação por parte dos índios.
Outro lado
Os ticunas dizem que as milícias reduziram a criminalidade. Antes os jovens se reuniam para consumir uma mistura de cocaína com cachaça e se confrontavam pelas ruas, o que resultava em agressões, roubos e homicídios.
"Não somos mais um território para as drogas", disse o "delegado" João Vitorino, 43, de Belém do Solimões. Hoje as ruas, o campo de futebol e as ruínas de uma igreja são controlados pela milícia: 180 "soldados" para uma população de 5.000 índios.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
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Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.
A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.
No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.
Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos e porte de armas de fogo e branca.
Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do MPF (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.
Gasperin disse à Folha que o MPF vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a PF.
"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."
Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".
Os índios chamam as milícias de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e alegam que as criaram porque a PF e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região. PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias, formadas por índios ex-soldados do Exército.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
PF investiga elo das Farc com milícias de indígenas no AM
A Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos supostamente cometidos por milícias de índios brasileiros na fronteira com a Colômbia e o Peru e o treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Essas milícias foram criadas neste ano para combater o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias. Os integrantes rejeitam o rótulo de milícias e afirmam ser uma "polícia indígena".
Dizem que a organização, chamada de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio), foi criada porque PF e Funai não impediam a alta incidência de crimes na região do Alto Solimões.
Entre os 36 mil ticunas, dizem ter 1.500 voluntários (3% são mulheres), muitos recrutados entre egressos do Exército. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias.
A PF suspeita que elas recebem treinamento das Farc, mas se nega a comentar o tema. Os indícios da relação das milícias com a guerrilha surgiram na comunidade de Campo Alegre, em São Paulo de Olivença, onde há 300 milicianos. Uma hipótese é um possível interesse das Farc no fortalecimento de um grupo paramilitar aliado; a outra, a de que guerrilheiros se solidarizam porque há ticunas nas fileiras das Farc.
O antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, especialista em ticunas do Museu Nacional da UFRJ, diz que os índios podem estar sendo atingidos "de raspão" pela disputa por drogas na região. Para ele, as milícias são "cópias do sistema do branco" e podem estar sendo usadas contra o interesse dos índios.
A Folha visitou três comunidades onde há milícias. Elas têm hierarquia definida (delegados, soldados) e usam cassetetes de madeira e espingardas de caça. Dizem que não ganham salário. Vestem uniformes pretos e coturno.
A PF abriu inquérito para investigar homicídio, tortura e extorsão. Uma das mortes investigadas ocorreu em São Paulo de Olivença (AM). Em setembro, o corpo de um índio foi achado carbonizado e com as pernas acorrentadas. O motivo seria o envolvimento com feitiçaria. "Estamos preocupados com a possibilidade de que eles extrapolem os limites dos direitos humanos", disse o delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas.
Nas comunidades de Belém do Solimões e Umariaçu 2, em Tabatinga, e Filadélfia, em Benjamin Constant, as milícias decretaram toque de recolher às 21h para crianças e jovens, que faziam brigas nas ruas. Drogados e bêbados podem ser trancados, às vezes a pedido da família, por três dias em celas improvisadas em barracões. Há relatos de espancamento.
A criação dessa "polícia" tem respaldo em despacho de dezembro de 2008 do Ministério Público Federal em Tabatinga. Nele, a procuradora Maria Clara Noleto escreve que a vontade dos índios "é legítima".
De fevereiro a outubro deste ano, os ticunas criaram oito companhias da Piasol em Tabatinga, Benjamin Constant, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá (cidade na qual os cocamas criaram uma milícia). A maioria dos índios as aprova, mas condena os abusos.
Na madrugada do dia 2, em Belém de Solimões (AM), índios apedrejaram milicianos, que responderam a tiros. Houve 11 feridos. O motivo da revolta foi a apreensão de cachaça e cerveja. Os revoltosos atearam fogo no alojamento da milícia. Tiros de espingarda calibres 12 e 16 atingiram inocentes. O miliciano João Gaspar Vitorino, 36, diz que eles se defenderam: "O delegado [da milícia] autorizou a arma para a nossa proteção".
PF e Funai afirmam que as milícias são ilegais. Para o delegado Sérgio Fontes, a organização usurpa atribuições do Estado e a falta de policiais não justifica sua criação. Fontes diz que, na região dos ticunas, a PF combate o tráfico de drogas, para o qual índios entram como "mulas", atravessando a fronteira pelos rios.
A presidência da Funai afirmou que não apoia a milícia e que realiza sua política de vigilância com Ibama e PF. A procuradora Maria Clara disse que, apesar de ter usado o termo "espécie de polícia" no despacho, a ideia não era essa. "A atividade de polícia não é só de repressão, é também de orientação." Para ela, houve extrapolação por parte dos índios.
Outro lado
Os ticunas dizem que as milícias reduziram a criminalidade. Antes os jovens se reuniam para consumir uma mistura de cocaína com cachaça e se confrontavam pelas ruas, o que resultava em agressões, roubos e homicídios.
"Não somos mais um território para as drogas", disse o "delegado" João Vitorino, 43, de Belém do Solimões. Hoje as ruas, o campo de futebol e as ruínas de uma igreja são controlados pela milícia: 180 "soldados" para uma população de 5.000 índios.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
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Milícias de indígenas recebem treinamento das Farc.
Milícia indígena pede aval do Ministério Público para usar armas
Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.
A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.
No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.
Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos e porte de armas de fogo e branca.
Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do MPF (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.
Gasperin disse à Folha que o MPF vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a PF.
"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."
Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".
Os índios chamam as milícias de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e alegam que as criaram porque a PF e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região. PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias, formadas por índios ex-soldados do Exército.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
PF investiga elo das Farc com milícias de indígenas no AM
A Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos supostamente cometidos por milícias de índios brasileiros na fronteira com a Colômbia e o Peru e o treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Essas milícias foram criadas neste ano para combater o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias. Os integrantes rejeitam o rótulo de milícias e afirmam ser uma "polícia indígena".
Dizem que a organização, chamada de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio), foi criada porque PF e Funai não impediam a alta incidência de crimes na região do Alto Solimões.
Entre os 36 mil ticunas, dizem ter 1.500 voluntários (3% são mulheres), muitos recrutados entre egressos do Exército. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias.
A PF suspeita que elas recebem treinamento das Farc, mas se nega a comentar o tema. Os indícios da relação das milícias com a guerrilha surgiram na comunidade de Campo Alegre, em São Paulo de Olivença, onde há 300 milicianos. Uma hipótese é um possível interesse das Farc no fortalecimento de um grupo paramilitar aliado; a outra, a de que guerrilheiros se solidarizam porque há ticunas nas fileiras das Farc.
O antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, especialista em ticunas do Museu Nacional da UFRJ, diz que os índios podem estar sendo atingidos "de raspão" pela disputa por drogas na região. Para ele, as milícias são "cópias do sistema do branco" e podem estar sendo usadas contra o interesse dos índios.
A Folha visitou três comunidades onde há milícias. Elas têm hierarquia definida (delegados, soldados) e usam cassetetes de madeira e espingardas de caça. Dizem que não ganham salário. Vestem uniformes pretos e coturno.
A PF abriu inquérito para investigar homicídio, tortura e extorsão. Uma das mortes investigadas ocorreu em São Paulo de Olivença (AM). Em setembro, o corpo de um índio foi achado carbonizado e com as pernas acorrentadas. O motivo seria o envolvimento com feitiçaria. "Estamos preocupados com a possibilidade de que eles extrapolem os limites dos direitos humanos", disse o delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas.
Nas comunidades de Belém do Solimões e Umariaçu 2, em Tabatinga, e Filadélfia, em Benjamin Constant, as milícias decretaram toque de recolher às 21h para crianças e jovens, que faziam brigas nas ruas. Drogados e bêbados podem ser trancados, às vezes a pedido da família, por três dias em celas improvisadas em barracões. Há relatos de espancamento.
A criação dessa "polícia" tem respaldo em despacho de dezembro de 2008 do Ministério Público Federal em Tabatinga. Nele, a procuradora Maria Clara Noleto escreve que a vontade dos índios "é legítima".
De fevereiro a outubro deste ano, os ticunas criaram oito companhias da Piasol em Tabatinga, Benjamin Constant, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá (cidade na qual os cocamas criaram uma milícia). A maioria dos índios as aprova, mas condena os abusos.
Na madrugada do dia 2, em Belém de Solimões (AM), índios apedrejaram milicianos, que responderam a tiros. Houve 11 feridos. O motivo da revolta foi a apreensão de cachaça e cerveja. Os revoltosos atearam fogo no alojamento da milícia. Tiros de espingarda calibres 12 e 16 atingiram inocentes. O miliciano João Gaspar Vitorino, 36, diz que eles se defenderam: "O delegado [da milícia] autorizou a arma para a nossa proteção".
PF e Funai afirmam que as milícias são ilegais. Para o delegado Sérgio Fontes, a organização usurpa atribuições do Estado e a falta de policiais não justifica sua criação. Fontes diz que, na região dos ticunas, a PF combate o tráfico de drogas, para o qual índios entram como "mulas", atravessando a fronteira pelos rios.
A presidência da Funai afirmou que não apoia a milícia e que realiza sua política de vigilância com Ibama e PF. A procuradora Maria Clara disse que, apesar de ter usado o termo "espécie de polícia" no despacho, a ideia não era essa. "A atividade de polícia não é só de repressão, é também de orientação." Para ela, houve extrapolação por parte dos índios.
Outro lado
Os ticunas dizem que as milícias reduziram a criminalidade. Antes os jovens se reuniam para consumir uma mistura de cocaína com cachaça e se confrontavam pelas ruas, o que resultava em agressões, roubos e homicídios.
"Não somos mais um território para as drogas", disse o "delegado" João Vitorino, 43, de Belém do Solimões. Hoje as ruas, o campo de futebol e as ruínas de uma igreja são controlados pela milícia: 180 "soldados" para uma população de 5.000 índios.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
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Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.
A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.
No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.
Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos e porte de armas de fogo e branca.
Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do MPF (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.
Gasperin disse à Folha que o MPF vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a PF.
"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."
Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".
Os índios chamam as milícias de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e alegam que as criaram porque a PF e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região. PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias, formadas por índios ex-soldados do Exército.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
PF investiga elo das Farc com milícias de indígenas no AM
A Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos supostamente cometidos por milícias de índios brasileiros na fronteira com a Colômbia e o Peru e o treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Essas milícias foram criadas neste ano para combater o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias. Os integrantes rejeitam o rótulo de milícias e afirmam ser uma "polícia indígena".
Dizem que a organização, chamada de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio), foi criada porque PF e Funai não impediam a alta incidência de crimes na região do Alto Solimões.
Entre os 36 mil ticunas, dizem ter 1.500 voluntários (3% são mulheres), muitos recrutados entre egressos do Exército. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias.
A PF suspeita que elas recebem treinamento das Farc, mas se nega a comentar o tema. Os indícios da relação das milícias com a guerrilha surgiram na comunidade de Campo Alegre, em São Paulo de Olivença, onde há 300 milicianos. Uma hipótese é um possível interesse das Farc no fortalecimento de um grupo paramilitar aliado; a outra, a de que guerrilheiros se solidarizam porque há ticunas nas fileiras das Farc.
O antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, especialista em ticunas do Museu Nacional da UFRJ, diz que os índios podem estar sendo atingidos "de raspão" pela disputa por drogas na região. Para ele, as milícias são "cópias do sistema do branco" e podem estar sendo usadas contra o interesse dos índios.
A Folha visitou três comunidades onde há milícias. Elas têm hierarquia definida (delegados, soldados) e usam cassetetes de madeira e espingardas de caça. Dizem que não ganham salário. Vestem uniformes pretos e coturno.
A PF abriu inquérito para investigar homicídio, tortura e extorsão. Uma das mortes investigadas ocorreu em São Paulo de Olivença (AM). Em setembro, o corpo de um índio foi achado carbonizado e com as pernas acorrentadas. O motivo seria o envolvimento com feitiçaria. "Estamos preocupados com a possibilidade de que eles extrapolem os limites dos direitos humanos", disse o delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas.
Nas comunidades de Belém do Solimões e Umariaçu 2, em Tabatinga, e Filadélfia, em Benjamin Constant, as milícias decretaram toque de recolher às 21h para crianças e jovens, que faziam brigas nas ruas. Drogados e bêbados podem ser trancados, às vezes a pedido da família, por três dias em celas improvisadas em barracões. Há relatos de espancamento.
A criação dessa "polícia" tem respaldo em despacho de dezembro de 2008 do Ministério Público Federal em Tabatinga. Nele, a procuradora Maria Clara Noleto escreve que a vontade dos índios "é legítima".
De fevereiro a outubro deste ano, os ticunas criaram oito companhias da Piasol em Tabatinga, Benjamin Constant, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá (cidade na qual os cocamas criaram uma milícia). A maioria dos índios as aprova, mas condena os abusos.
Na madrugada do dia 2, em Belém de Solimões (AM), índios apedrejaram milicianos, que responderam a tiros. Houve 11 feridos. O motivo da revolta foi a apreensão de cachaça e cerveja. Os revoltosos atearam fogo no alojamento da milícia. Tiros de espingarda calibres 12 e 16 atingiram inocentes. O miliciano João Gaspar Vitorino, 36, diz que eles se defenderam: "O delegado [da milícia] autorizou a arma para a nossa proteção".
PF e Funai afirmam que as milícias são ilegais. Para o delegado Sérgio Fontes, a organização usurpa atribuições do Estado e a falta de policiais não justifica sua criação. Fontes diz que, na região dos ticunas, a PF combate o tráfico de drogas, para o qual índios entram como "mulas", atravessando a fronteira pelos rios.
A presidência da Funai afirmou que não apoia a milícia e que realiza sua política de vigilância com Ibama e PF. A procuradora Maria Clara disse que, apesar de ter usado o termo "espécie de polícia" no despacho, a ideia não era essa. "A atividade de polícia não é só de repressão, é também de orientação." Para ela, houve extrapolação por parte dos índios.
Outro lado
Os ticunas dizem que as milícias reduziram a criminalidade. Antes os jovens se reuniam para consumir uma mistura de cocaína com cachaça e se confrontavam pelas ruas, o que resultava em agressões, roubos e homicídios.
"Não somos mais um território para as drogas", disse o "delegado" João Vitorino, 43, de Belém do Solimões. Hoje as ruas, o campo de futebol e as ruínas de uma igreja são controlados pela milícia: 180 "soldados" para uma população de 5.000 índios.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
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Milícias de indígenas recebem treinamento das Farc.
Milícia indígena pede aval do Ministério Público para usar armas
Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.
A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.
No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.
Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos e porte de armas de fogo e branca.
Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do MPF (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.
Gasperin disse à Folha que o MPF vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a PF.
"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."
Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".
Os índios chamam as milícias de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e alegam que as criaram porque a PF e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região. PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias, formadas por índios ex-soldados do Exército.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
PF investiga elo das Farc com milícias de indígenas no AM
A Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos supostamente cometidos por milícias de índios brasileiros na fronteira com a Colômbia e o Peru e o treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Essas milícias foram criadas neste ano para combater o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias. Os integrantes rejeitam o rótulo de milícias e afirmam ser uma "polícia indígena".
Dizem que a organização, chamada de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio), foi criada porque PF e Funai não impediam a alta incidência de crimes na região do Alto Solimões.
Entre os 36 mil ticunas, dizem ter 1.500 voluntários (3% são mulheres), muitos recrutados entre egressos do Exército. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias.
A PF suspeita que elas recebem treinamento das Farc, mas se nega a comentar o tema. Os indícios da relação das milícias com a guerrilha surgiram na comunidade de Campo Alegre, em São Paulo de Olivença, onde há 300 milicianos. Uma hipótese é um possível interesse das Farc no fortalecimento de um grupo paramilitar aliado; a outra, a de que guerrilheiros se solidarizam porque há ticunas nas fileiras das Farc.
O antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, especialista em ticunas do Museu Nacional da UFRJ, diz que os índios podem estar sendo atingidos "de raspão" pela disputa por drogas na região. Para ele, as milícias são "cópias do sistema do branco" e podem estar sendo usadas contra o interesse dos índios.
A Folha visitou três comunidades onde há milícias. Elas têm hierarquia definida (delegados, soldados) e usam cassetetes de madeira e espingardas de caça. Dizem que não ganham salário. Vestem uniformes pretos e coturno.
A PF abriu inquérito para investigar homicídio, tortura e extorsão. Uma das mortes investigadas ocorreu em São Paulo de Olivença (AM). Em setembro, o corpo de um índio foi achado carbonizado e com as pernas acorrentadas. O motivo seria o envolvimento com feitiçaria. "Estamos preocupados com a possibilidade de que eles extrapolem os limites dos direitos humanos", disse o delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas.
Nas comunidades de Belém do Solimões e Umariaçu 2, em Tabatinga, e Filadélfia, em Benjamin Constant, as milícias decretaram toque de recolher às 21h para crianças e jovens, que faziam brigas nas ruas. Drogados e bêbados podem ser trancados, às vezes a pedido da família, por três dias em celas improvisadas em barracões. Há relatos de espancamento.
A criação dessa "polícia" tem respaldo em despacho de dezembro de 2008 do Ministério Público Federal em Tabatinga. Nele, a procuradora Maria Clara Noleto escreve que a vontade dos índios "é legítima".
De fevereiro a outubro deste ano, os ticunas criaram oito companhias da Piasol em Tabatinga, Benjamin Constant, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá (cidade na qual os cocamas criaram uma milícia). A maioria dos índios as aprova, mas condena os abusos.
Na madrugada do dia 2, em Belém de Solimões (AM), índios apedrejaram milicianos, que responderam a tiros. Houve 11 feridos. O motivo da revolta foi a apreensão de cachaça e cerveja. Os revoltosos atearam fogo no alojamento da milícia. Tiros de espingarda calibres 12 e 16 atingiram inocentes. O miliciano João Gaspar Vitorino, 36, diz que eles se defenderam: "O delegado [da milícia] autorizou a arma para a nossa proteção".
PF e Funai afirmam que as milícias são ilegais. Para o delegado Sérgio Fontes, a organização usurpa atribuições do Estado e a falta de policiais não justifica sua criação. Fontes diz que, na região dos ticunas, a PF combate o tráfico de drogas, para o qual índios entram como "mulas", atravessando a fronteira pelos rios.
A presidência da Funai afirmou que não apoia a milícia e que realiza sua política de vigilância com Ibama e PF. A procuradora Maria Clara disse que, apesar de ter usado o termo "espécie de polícia" no despacho, a ideia não era essa. "A atividade de polícia não é só de repressão, é também de orientação." Para ela, houve extrapolação por parte dos índios.
Outro lado
Os ticunas dizem que as milícias reduziram a criminalidade. Antes os jovens se reuniam para consumir uma mistura de cocaína com cachaça e se confrontavam pelas ruas, o que resultava em agressões, roubos e homicídios.
"Não somos mais um território para as drogas", disse o "delegado" João Vitorino, 43, de Belém do Solimões. Hoje as ruas, o campo de futebol e as ruínas de uma igreja são controlados pela milícia: 180 "soldados" para uma população de 5.000 índios.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
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Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.
A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.
No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.
Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos e porte de armas de fogo e branca.
Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do MPF (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.
Gasperin disse à Folha que o MPF vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a PF.
"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."
Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".
Os índios chamam as milícias de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e alegam que as criaram porque a PF e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região. PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias, formadas por índios ex-soldados do Exército.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
PF investiga elo das Farc com milícias de indígenas no AM
A Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos supostamente cometidos por milícias de índios brasileiros na fronteira com a Colômbia e o Peru e o treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Essas milícias foram criadas neste ano para combater o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias. Os integrantes rejeitam o rótulo de milícias e afirmam ser uma "polícia indígena".
Dizem que a organização, chamada de Piasol (Polícia Indígena do Alto Solimões) ou SPI (Serviço de Proteção ao Índio), foi criada porque PF e Funai não impediam a alta incidência de crimes na região do Alto Solimões.
Entre os 36 mil ticunas, dizem ter 1.500 voluntários (3% são mulheres), muitos recrutados entre egressos do Exército. A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora as milícias.
A PF suspeita que elas recebem treinamento das Farc, mas se nega a comentar o tema. Os indícios da relação das milícias com a guerrilha surgiram na comunidade de Campo Alegre, em São Paulo de Olivença, onde há 300 milicianos. Uma hipótese é um possível interesse das Farc no fortalecimento de um grupo paramilitar aliado; a outra, a de que guerrilheiros se solidarizam porque há ticunas nas fileiras das Farc.
O antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, especialista em ticunas do Museu Nacional da UFRJ, diz que os índios podem estar sendo atingidos "de raspão" pela disputa por drogas na região. Para ele, as milícias são "cópias do sistema do branco" e podem estar sendo usadas contra o interesse dos índios.
A Folha visitou três comunidades onde há milícias. Elas têm hierarquia definida (delegados, soldados) e usam cassetetes de madeira e espingardas de caça. Dizem que não ganham salário. Vestem uniformes pretos e coturno.
A PF abriu inquérito para investigar homicídio, tortura e extorsão. Uma das mortes investigadas ocorreu em São Paulo de Olivença (AM). Em setembro, o corpo de um índio foi achado carbonizado e com as pernas acorrentadas. O motivo seria o envolvimento com feitiçaria. "Estamos preocupados com a possibilidade de que eles extrapolem os limites dos direitos humanos", disse o delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas.
Nas comunidades de Belém do Solimões e Umariaçu 2, em Tabatinga, e Filadélfia, em Benjamin Constant, as milícias decretaram toque de recolher às 21h para crianças e jovens, que faziam brigas nas ruas. Drogados e bêbados podem ser trancados, às vezes a pedido da família, por três dias em celas improvisadas em barracões. Há relatos de espancamento.
A criação dessa "polícia" tem respaldo em despacho de dezembro de 2008 do Ministério Público Federal em Tabatinga. Nele, a procuradora Maria Clara Noleto escreve que a vontade dos índios "é legítima".
De fevereiro a outubro deste ano, os ticunas criaram oito companhias da Piasol em Tabatinga, Benjamin Constant, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá (cidade na qual os cocamas criaram uma milícia). A maioria dos índios as aprova, mas condena os abusos.
Na madrugada do dia 2, em Belém de Solimões (AM), índios apedrejaram milicianos, que responderam a tiros. Houve 11 feridos. O motivo da revolta foi a apreensão de cachaça e cerveja. Os revoltosos atearam fogo no alojamento da milícia. Tiros de espingarda calibres 12 e 16 atingiram inocentes. O miliciano João Gaspar Vitorino, 36, diz que eles se defenderam: "O delegado [da milícia] autorizou a arma para a nossa proteção".
PF e Funai afirmam que as milícias são ilegais. Para o delegado Sérgio Fontes, a organização usurpa atribuições do Estado e a falta de policiais não justifica sua criação. Fontes diz que, na região dos ticunas, a PF combate o tráfico de drogas, para o qual índios entram como "mulas", atravessando a fronteira pelos rios.
A presidência da Funai afirmou que não apoia a milícia e que realiza sua política de vigilância com Ibama e PF. A procuradora Maria Clara disse que, apesar de ter usado o termo "espécie de polícia" no despacho, a ideia não era essa. "A atividade de polícia não é só de repressão, é também de orientação." Para ela, houve extrapolação por parte dos índios.
Outro lado
Os ticunas dizem que as milícias reduziram a criminalidade. Antes os jovens se reuniam para consumir uma mistura de cocaína com cachaça e se confrontavam pelas ruas, o que resultava em agressões, roubos e homicídios.
"Não somos mais um território para as drogas", disse o "delegado" João Vitorino, 43, de Belém do Solimões. Hoje as ruas, o campo de futebol e as ruínas de uma igreja são controlados pela milícia: 180 "soldados" para uma população de 5.000 índios.
KÁTIA BRASIL
Agência Folha
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Afro-brasileiros e indígenas estão "atolados" na pobreza, diz alta-comissária da ONU.
A alta-comissária da ONU para Direitos Humanos, Navanethem Pillay, cumprimenta o Capitão Potiguar, que apresentou relatório sobre a situação dos povos indígenas no Brasil
Brasília - A alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Assuntos de Direitos Humanos, Navanethem Pillay, voltou a criticar hoje (13), em seu último dia de visita ao Brasil, a situação de negros e indígenas no país. Ambas as populações, segundo ela, estão “atoladas” na pobreza, além de não ter acesso aos serviços básicos e nem a oportunidades de emprego.
Navanethem Pillay, cumprimenta o Capitão Potiguar, que apresentou relatório sobre a situação dos povos indígenas no Brasil
Durante entrevista coletiva, Pillay se referiu à questão dos povos indígenas como invisível e lembrou que, de todos os funcionários federais e estaduais que conheceu durante a visita, nenhum deles tinha origem indígena. Para a alta-comissária, o fato serve como um indicativo de uma contínua marginalização.
“A maior parte dos povos indígenas do Brasil não está se beneficiando do impressionante progresso econômico do país e está sendo retida na pobreza pela discriminação e indiferença, expulsa de suas terras na armadilha do trabalho forçado.”
Em relação aos negros, Pillay ressaltou que a violência aparece como uma das principais causas de morte no grupo. Ela insistiu que há, no Brasil, uso excessivo de força tanto de agentes policiais quanto de milícias. “Até que isso mude, a situação vai prejudicar o progresso do Brasil em muitas outras frentes.” A alta-comissária retorna hoje para Genebra, na Suíça, após uma visita de três dias a cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Brasília.
Paula Laboissière
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Brasília - A alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Assuntos de Direitos Humanos, Navanethem Pillay, voltou a criticar hoje (13), em seu último dia de visita ao Brasil, a situação de negros e indígenas no país. Ambas as populações, segundo ela, estão “atoladas” na pobreza, além de não ter acesso aos serviços básicos e nem a oportunidades de emprego.
Navanethem Pillay, cumprimenta o Capitão Potiguar, que apresentou relatório sobre a situação dos povos indígenas no Brasil
Durante entrevista coletiva, Pillay se referiu à questão dos povos indígenas como invisível e lembrou que, de todos os funcionários federais e estaduais que conheceu durante a visita, nenhum deles tinha origem indígena. Para a alta-comissária, o fato serve como um indicativo de uma contínua marginalização.
“A maior parte dos povos indígenas do Brasil não está se beneficiando do impressionante progresso econômico do país e está sendo retida na pobreza pela discriminação e indiferença, expulsa de suas terras na armadilha do trabalho forçado.”
Em relação aos negros, Pillay ressaltou que a violência aparece como uma das principais causas de morte no grupo. Ela insistiu que há, no Brasil, uso excessivo de força tanto de agentes policiais quanto de milícias. “Até que isso mude, a situação vai prejudicar o progresso do Brasil em muitas outras frentes.” A alta-comissária retorna hoje para Genebra, na Suíça, após uma visita de três dias a cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Brasília.
Paula Laboissière
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