A bolsa ou a vida
Áudio do PODCAST de Diogo Mainard
Em minha última coluna, segundo Lula, eu cometi um crime. Um crime que ele, Lula, comparou a um "roubo". Confesso: roubei. Pior: se surgir a oportunidade, vou roubar de novo. Eu sou um impenitente. A bolsa ou a vida, Lula.
Que crime eu cometi? Simplesmente reproduzi um grampo feito pela PF em que Marcelo Sato promete usar seu reconhecido talento para azeitar o processo de um usineiro junto à ANP. Para quem perdeu a memória: Marcelo Sato é o genro de Lula, casado com sua filha Lurian. Lula declarou que, quando a imprensa publica o conteúdo de um grampo, como eu fiz com o de Marcelo Sato, ela está cometendo um crime análogo a um roubo. Curiosamente - o brasileiro é mesmo um tipo muito curioso -, ninguém se interessou em perguntar ao presidente da República o que ele pensa sobre os negócios suspeitos de seu genro. O que se sabe é que, em seu sistema de valores - um sistema de valores que ele quer transformar agora em emenda constitucional -, o verdadeiro criminoso é quem denuncia o crime.
Antes do genro de Lula, houve o compadre de Lula. Antes do compadre de Lula, houve o irmão de Lula. Antes do irmão de Lula, houve o filho de Lula. O episódio envolvendo Marcelo Sato é tão corriqueiro que nem lhe dei muita bola. Usei-o apenas como um modesto retrato de nossa miséria institucional. Nesta semana, a ONG Transparência Internacional avaliou que o combate à corrupção, no Brasil, "parece ter estancado". Estancou mesmo. Só sobraram uns passadistas, uns retrógrados, uns golpistas de direita que continuam em sua bolorenta Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Para os petralhas - tomando emprestado o termo cunhado por Reinaldo Azevedo -, eu represento a Dona Leonor de Barros do lulismo. E Reinaldo Azevedo é visto como uma espécie de padre Peyton, com sua Cruzada Mundial do Rosário. Nós brandimos anacronicamente os mesmos cartazes de meio século atrás: "Queremos governo honesto", "A melhor reforma é o respeito à lei", "Senhora Aparecida iluminai os reacionários". O fato é que o Brasil inteiro estancou. A Folha de S. Paulo mostrou que o programa Bolsa Família tornou-se um instrumento para garantir o voto de cabresto. Se eu sou aborrecidamente passadista, é só porque a gente estancou no passado.
Um adendo absolutamente desimportante: Marcelo Sato prometeu ajudar a Agrenco a acelerar um processo na ANP. No site da ANP, há um documento pedindo de impugnação de um leilão de biodiesel com o argumento de que a Agrenco, apesar de uma greve dos auditores da Receita Federal, conseguiu obter um "registro especial". Não sei exatamente o que isso significa. Só sei que é melhor investigar agora, antes que investigar o assunto seja considerado um crime, um roubo.
Diogo Mainardi
Lei fascista petralha já tramita no Congresso
Lula, o imperador do Brasil, quer algemar e calar os jornalistas.Nesta segunda-feira (22) começará a tramitar no Congresso o projeto de lei do governo Lula que prevê punição criminal a quem divulgar (veículo de imprensa, jornalista ou fonte) escutas telefônicas ilegais ou legais sob segredo de Justiça. É um projeto abjecto. Foi concebido pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, com um só objetivo: punir quem faz jornalismo sem pedir benção ao Palácio do Planalto. A missão da imprensa é levar ao conhecimento dos cidadãos tudo que for, a seu critério, relevante para os leitores. Não é papel do Estado estabelecer o que pode e o que não pode ser divulgado. Além do mais, esta atitude seria inócua hoje em dia quando todos sabemos que, com a internet à disposição, qualquer segredo pode ser violado de forma anônima. Então, qual é o objetivo do governo? Ora, é escolher algum veículo de imprensa e alguns jornalistas para perseguir. O que o ministro da Justiça quer é pôr algemas em jornalistas que considera desafetos do governo Lula e dele próprio. Nem que para isto o governo tenha de amordaçar a imprensa e levar de roldão a democracria e o Estado de Direito. Vade retro, Tarso Genro!
Blog Democrata
Sponholz
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quinta-feira, 25 de setembro de 2008
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