LÍDER INDÍGENA AFIRMA: “Guerra pode ocorrer a qualquer momento”
Prenúncio de guerra? Se depender dos tuxauas ligados à Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr), o menor dos motivos poderá detonar o conflito, envolvendo índios de várias etnias em Roraima.
Prenúncio de guerra? Se depender dos tuxauas ligados à Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr), o menor dos motivos poderá detonar o conflito, envolvendo índios de várias etnias em Roraima.
O anúncio foi feito ontem pelo presidente da organização, Silvio da Silva, após uma reunião com tuxauas de dez comunidades. Os índios querem manter a paz, mas desde que a lei seja cumprida, no que se diz respeito à retirada de todos os não-índios, que segundo os tuxauas, deve também incluir policiais federais, Força Nacional, padres e membros não-índios da Igreja Católica e qualquer estrangeiro que viva dentro de Raposa.
“A lei deverá ser respeitada. Se a determinação foi pela saída dos não-índios, não serão apenas os trabalhadores brasileiros que serão obrigados a sair, mas todos aqueles que não são índios, principalmente os padres e as ongs. Do contrário, vai ter guerra. Vamos lutar para a retiradas de todos eles, deixando só quem é índio de fato”, disse.
E acrescentou: “Se houverem estrangeiros, nós mesmos vamos tirar eles de lá, seja qual for a comunidade. Não vai ficar nenhum padre, freira ou qualquer estrangeiro. E aí de quem tentar nos impedir. Nossa guerra é contra as ongs e não contra nossos irmãos índios. Mas se quiserem guerra, guerra eles terão”.
Silvio foi mais longe ao dizer que a Soudiurr vai lutar pelo fim da gerencia regional da FUNAI em Roraima.Também afirmou que as comunidades indígenas não querem a interferência do Incra, do Ibama e de qualquer autarquia federal. “A terra é nossa”, esclareceu.
Silvio afirmou que já existem projetos antigos para as comunidades em Raposa Serra do Sol. As principais se referem ao plantio de mandioca, feijão, milho, gado e a piscicultura. As dez comunidades ligadas à Sodiurr vão buscar o apoio do Governo do Estado.
Silvio afirmou que já existem projetos antigos para as comunidades em Raposa Serra do Sol. As principais se referem ao plantio de mandioca, feijão, milho, gado e a piscicultura. As dez comunidades ligadas à Sodiurr vão buscar o apoio do Governo do Estado.
“Podemos ter perdido uma parte da guerra, mas não vamos abandonar as comunidades. Vamos lutar até o fim para dar boas condições ao nosso povo que tanto sofreu por conta de abandono”.
Dionito José de Souza do CIR é acusado de querer ser o "governador" de Raposa Serra do Sol
O presidente também esclareceu que tinha o interesse de firmar parcerias junto ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), mas mudou de idéia ao decorrer do processo demarcatório.
“O CIR só trabalha com mentira. Não aceitamos trabalhar junto a eles, pois são falsos. Lutaram contra os arrozeiros, mas são costumados a comer mingau de arroz e outros produtos feitos pelos próprios trabalhadores que eles ajudaram a expulsar”.
Ele criticou, também, a postura do coordenador do CIR, Dionito José de Souza, que segundo ele, está agindo como ‘governador’ de Raposa Serra do Sol.
“Não há nenhuma determinação para que o CIR domine Raposa. Nenhum deles possui caráter de autoridade e de jeito nenhum podem agir como se fossem os únicos donos da terra”.
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Sodiur alerta para conflito entre índios
Lideranças indígenas ligadas à Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios do Norte de Roraima) alertam para o possível conflito entre índios na disputa pela terra.
A opinião é do tuxaua da comunidade do Flexal, município de Uiramutã, Abel Barbosa, secretário-geral da Sodiur. Ele procurou a Folha para rebater as declarações do coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza. O coordenador criticou o voto do ministro Marco Aurélio de Mello e disse que índios iriam ocupar as fazendas de arroz e descansar a terra por três anos antes de trabalhar nela.
“Se eu chegar na sua casa e querer mandar, a senhora não vai aceitar, né? Assim também vai ser com a gente. Ele (Dionito) quer ser o governador da Raposa, vai querer mandar, mas não será do jeito que ele está pensando. Vai ter briga de índio contra índio, vai ter derramamento de sangue, porque a gente não vai aceitar isso”, disse Abel Barbosa, de Brasília, no intervalo do julgamento no STF.
“Somos aculturados, temos filhos estudando na cidade, fazendo faculdade. Queremos o desenvolvimento, não vivemos isolados. A gente quer criar, plantar, comprar e vender gado, produzir”, defendeu o tuxaua.
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