Maurício Funes, ex-militante da guerrilha, é o novo presidente de El Salvador.
Foto: Secretaria de comunicação social da Presidência da República
Com a vitória da Maurício Funes, militante da antiga guerrilha Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN), em El Salvador, a onda chavista, comandada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, continua a sua expansão na América Latina.
Pelo menos cinco países do continente têm presidentes de origem esquerdista da e estão na órbita do presidente Chávez: Bolívia, Equador, Nicarágua, Paraguai e Peru. Dos cinco, três dão apoio incondicional à Revolução Bolivariana, termo criado por Chávez para implantar o socialismo na América Latina, convocando referendos polêmicos e isolando a oposição e a representação parlamentar: Bolívia, Equador e Nicarágua. Cuba é outro país em que a presença de Chávez é forte.
Esquerdistas de origem, mas impedidos de fazer uma colaboração mais direta, em razão da estabilidade dos sistemas políticos de seus países, quatro presidentes são apenas "simpáticos" a Chávez: Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. O presidente da Venezuela quer entrar no Mercosul, bloco político e econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, mas enfrenta resistências, especialmente no Senado brasileiro, porque não cumpre uma das cláusulas do pacto: o respeito à democracia.
Combate – A FMLN entrou em combate na década de 80 quando explodiu a guerra civil no país em razão da violência política. O assassinato do arcebispo de San Salvador, Óscar Romero, por exemplo, em março de 80, chocou o mundo. A guerrilha chegou a dominar um quarto território e fez diversas ações atacando a infra-estrutura de transportes, energia e comunicações. Ligado à guerrilha, Maurício Funes, combatente na década de 80, derrotou o candidato da Arena, Rodrigo Avila, força direitas, no poder há 20 anos.
Em seu primeiro discurso após a confirmação da vitória, o presidente eleito afirmou que seu compromisso era de fazer um governo de união nacional. Funer é casado com Wanda Pignato, brasileira representante do PT para a América Central. "O passado dele é de esquerda ao estilo Chávez: autoritário e estatizante", adverte o escritor e ex-deputado Vilmar Rocha, autor de O Fascínio do Populismo, em que analisa o fenômeno político desde a Era Vargas até a explosão da onda chavista na América Latina.
De acordo com Rocha, apesar da observação, Funes se mostrou na campanha distante de Chávez, o que lhe dá um certo crédito. Já o adversário explorou a identificação ideológica dos dois. "A campanha do candidato da FMLN foi moderada. Mas uma coisa é fazer campanha, e outra coisa é governar", observa o escritor.
O ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (DEM), que acompanhou o pleito salvadorenho como observador, lembrou que o vencedor utilizou velhas táticas de esquerda, como acusar o adversário de fraude eleitoral. "A vitória de Funes (51,5% a 48,5%) mostrou que a acusação de fraude era mais um recurso político na eleição", escreveu o ex-prefeito em seu blog.
Além de El Salvador, O Chile também terá eleições presidenciais e parlamentares ainda este ano, em 11 de dezembro. As pesquisas mostram como favorito, até o momento, o candidato de oposição, o direitista Sebastian Piñera, seguido do candidato de situação, o ex-presidente Eduardo Frei.
Sergio Kapustan
Diário do Comércio
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