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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"Marcha a Roraima" chega a Pacaraima, na fronteira com a Venezuela


Chegada da marcha a Pacaraima
Ao meio-dia do sábado 16 de agosto, chegou a Pacaraima (RR) a caravana "Marcha a Roraima", que reuniu dezenas de produtores agrícolas do Centro-Oeste para protestar contra a demarcação em área contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, no nordeste do estado. O município foi escolhido como destino da caravana por ser um dos dois que poderão desaparecer juridicamente, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha a decisão tomada pelo Governo Federal em 2005. A "Marcha" foi promovida pela Associação dos Produtores Rurais de Juína (APRAJU), Associação dos Proprietários Rurais do Rio Preto (APRUR), Associação de Produtores Rurais de Rondônia (APRRO), Federação de Agricultura do Estado de Rondônia (FAPERO), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), sindicatos associados e o Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa).

Na sede do município, os integrantes da "Marcha", com o reforço de outras dezenas de veículos e manifestantes que saíram de Boa Vista, foram recepcionados pela Associação Comercial de Pacaraima (ACEP) e pelo prefeito Paulo César Quartiero, que teve recentemente uma fazenda de produção de arroz irrigado invadida por indígenas instigados pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR). Em decorrência da reação armada dos funcionários da fazenda, Quartiero foi detido pela Polícia Federal e levado a Brasília .

Na ocasião, além de Quartiero, o coordenador da "Marcha", Aderval Bento, presidente da APRUR, o diretor do MSIa Lorenzo Carrasco e o vice-almirante (RRm) Sérgio Tasso Vásquez de Aquino, ex-vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, fizeram rápidos discursos ressaltando a importância do evento. Para Bento, "foi um marco épico para a história do Brasil e dos produtores agrícolas" (Folha de Boa Vista, 18/08/2008).

O trajeto da "Marcha" até Roraima não foi muito tranqüilo, pois o aparato indigenista se mobilizou ativamente para obstaculizar a iniciativa, tão logo ela se tornou pública. Em 30 de julho, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), uma das principais ONGs que integra aquele aparato internacional, divulgou na Internet uma ameaçadora nota contra a realização da "Marcha". Na sexta-feira 15 de agosto, mais de 400 integrantes do CIR, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), interromperam o tráfego na rodovia BR-174 durante mais de quatro horas, em uma tentativa de deter a caravana. Porém, avisados do bloqueio, os integrantes da "Marcha" fizeram um desvio por uma estrada vicinal e conseguiram chegar a Boa Vista, embora com atraso em relação à hora prevista.

Na capital, a "Marcha" foi recebida por um ato de boas-vindas organizado pela Federação de Comércio do Estado de Roraima (FECOR), o qual contou com a presença do presidente da entidade, Airton Dias, e os senadores Augusto Botelho e Romero Jucá.

Em entrevista à Folha de Boa Vista, o vice-coordenador do CIR, Terêncio Manduca, deu uma justificativa no mínimo curiosa: "Demos o nosso recado a estas pessoas que vieram de outro estado se meter em nossos assuntos. Nós dissemos o que pretendíamos e mostramos os nossos pensamentos, tudo de forma pacífica."

Seria curioso saber a justificativa de tais indivíduos para as rotineiras ingerências de ONGs e representantes de governos estrangeiros nos mesmos assuntos.

Felizmente, não houve quaisquer incidentes e a "Marcha" pode cumprir o seu roteiro previsto. Ao final, todos os manifestantes presentes aprovaram e assinaram a Carta de Pacaraima, cujo texto vai a seguir .



Carta de Pacaraima

Nós, participantes da Marcha para Roraima, representando o sentimento nacional dos brasileiros e no pleno exercício da cidadania, nos reunimos em Pacaraima, vindos de várias regiões do Brasil, para defender a SOBERANIA NACIONAL.

É de conhecimento público que o atual confronto, envolvendo a demarcação em área contínua da reserva Raposa Serra do Sol, é um caso emblemático das conseqüências da ingerência externa indevida em assuntos soberanos do Brasil.

Por isso, exigimos que as políticas ambientais e indigenistas, a serem adotadas no Brasil, passem por ampla discussão em foros próprios, como o Congresso Nacional, e não decididas por pequenos grupos de burocratas, em ambiente fechado, sem participação da opinião pública, mas grandemente influenciadas e dirigidas por interesses de governos e organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiros, resultando no bloqueio de grandes projetos de infra-estrutura, vitais para o desenvolvimento, a harmonia e a paz social no interior do País.

Não admitimos que as políticas em curso continuem, pois têm promovido uma virtual criminalização de um grande número de atividades produtivas vitais para a sobrevivência dos mais de 24 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia, já bastante prejudicados pelas históricas deficiências de regularização fundiária e pelas carências socioeconômicas, resultantes do baixo nível de atividades econômicas modernas na região.

Por conseguinte, conclamamos os brasileiros a formar um grande movimento nacional - Amazônia é Brasil e de todos os brasileiros -, que assuma a tarefa de liderar a reação contra as graves ameaças que a influência externa inaceitável representa para a SOBERANIA, a defesa comum e o futuro do País.

As políticas públicas em todos os níveis têm que ser regidas pelo Princípio do Bem Comum e do Bem-Estar Geral da População, e não por uma soma de interesses de indivíduos e de grupos que, com freqüência, os manipulam em seu próprio beneficio e em detrimento dos objetivos nacionais.

Repelimos, igualmente, todas e quaisquer iniciativas políticas e sociais que impliquem o estimulo à divisão da população brasileira segundo critérios "raciais", étnicos, financeiro-econômicos ou outros quaisquer.

Exigimos que as políticas de proteção do meio ambiente devam ser orientadas por critérios essencialmente científicos, em vez de políticos, norteando-se sempre pelas legítimas aspirações dos seres humanos ao progresso e ao desenvolvimento.

Entendemos que a proteção ambiental não pode ser considerada um fim em si mesma, mas estar inserida em um projeto nacional de desenvolvimento, pelo qual o Brasil possa fazer o pleno e bom uso de seus enormes recursos humanos e naturais, para percorrer século XXI como uma GRANDE NAÇÃO adulta e soberana, capaz de garantir o desenvolvimento e a liberdade para a presente e as futuras gerações.

Defendemos a execução de um grande programa estratégico de construção de infra-estrutura física, principalmente de transportes, energia e comunicações.

Exigimos de nossos parlamentares, que são nossos representantes eleitos por nosso voto, que toda e qualquer legislação, especialmente a ambiental, a indígena e a fundiária, seja orientada a partir do legítimo interesse nacional.

Pacaraima, Roraima, 16 de agosto de 2008.


• Associação dos Proprietários Rurais Pesquisa-Rio Preto (APRUR), Aderval Bento, (66) 3566-1209; celular (66) 9997- 1209; e-mail: jadernorte@gmail.com.
• Associação de Produtores Rurais de Rondônia (APRRO) (69) 3227-3638 apr_ro@yahoo.com.br
• Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO) e sindicatos rurais associados
• Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (FAPERON) e sindicatos rurais associados
• Sindicato Rural de Luiz Eduardo Magalhães, Bahia.
• Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa). (21) 2532-4086; e-mail: msia@msia.org.br

Alerta em Rede


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