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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O contra-ataque dos militares aos ministros



A classe militar prestigiou em peso o seminário "A Lei de Anistia – Alcance e Conseqüências", que foi realizado ontem, no Clube Militar, no centro do Rio de Janeiro. Os participantes lotaram todas as cadeiras disponíveis. Cerca de 700 pessoas estiveram presentes. Várias tiveram de assistir em pé. Na semana passada, o ministro da Justiça, Tarso Genro e o ministro especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, defenderam punições contra torturadores da ditadura militar.
Uma das ações é contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de chefiar um dos principais centros de tortura e assassinatos durante o regime militar, o DOI-Codi. Ele se sentou nas primeiras filas do auditório.

O presidente do Clube Militar, Gilberto Barbosa de Figueiredo, sugeriu ao ministro da Justiça que, "se for para lamber feridas", como as da Lei da Anistia, seria bom discutir "algumas mais recentes". Ele citou alguns episódios, como o do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, o escândalo do mensalão, os diversos dossiês produzidos, disse ele, por aloprados e os supostos indícios de ligações de membros da cúpula governamental com as FARCs.

Por volta de 15h30, o coronel Sergio de Avelar Coutinho listou vários atentados que teriam acontecido durante a ditadura por parte de militantes de esquerda, que chamou de "organizações terroristas". E lembrou que a Lei da Anistia "não cita os nomes de terroristas que ensangüentaram nosso País, matando mais de 100 inocentes".

Carta – O presidente do Clube Militar disse, em carta distribuída aos presentes, que há uma "estranha afeição dos companheiros do ministro com o seqüestro e os seqüestradores, um dos crimes mais infames, ao lado da tortura que o ministro tanto abomina".

Segundo ele, "todos sabem quais são, muitos dos quais estão ocupando cargos importantes no governo".

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) falou em entrevista que o presidente Lula "é conivente com a declaração de Tarso Genro porque não toma providência nenhuma". Para ele, "só um lado pode falar".

'Tarso não foi terrorista' – Ao responder a uma pergunta da platéia, o general Sérgio Augusto de Avelar Coutinho disse que não qualificaria Tarso como terrorista no período da ditadura militar no Brasil.

Sobre o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, preso em um aparelho da Aliança Libertadora Nacional (ALN), em São Paulo, em 1971 e condenado a quatro anos de prisão, disse: "Não conheço dele nenhum ato terrorista em si, mas participava da organização, esta sim extremamente terrorista."

'Extemporânea' – A mensagem dos presidentes dos clubes Naval, Militar, e da Aeronáutica, lida na tarde de ontem durante o seminário, chama de "extemporânea e fora de propósito a iniciativa de ministros do atual governo de se voltar a discutir uma lei cujos efeitos positivos se faziam sentir há bastante tempo". Sem citar diretamente os nomes dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e dos Direitos Humanos, Paulo Vannucchi, os presidentes dos clubes militares, destacaram no documento que as declarações dos ministros são consideradas "um desserviço prestado ao Brasil e com certeza ao próprio governo a que pertencem". ( AE )
Diário do Comércio


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