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sábado, 15 de março de 2008

O algoz foi indenizado, a vítima não!


O SR. GERSON CAMATA (PMDB – ES. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Obrigado a V. Exª.

Sr. Presidente, eu vou ler, porque se falar sem ler as pessoas podem achar que não é verdade.

Está no Estadão de hoje: “União paga mais ao algoz que à vítima”.

Prestem atenção nisso.


“Líder de atentado obteve benefício de R$1.627; mutilado ficou com R$571.

Quase 40 anos depois de ter perdido a perna esquerda na explosão de uma bomba usada em ataque [terrorista] ao consulado americano em São Paulo, Orlando Lovecchio Filho, de 62 anos, soube que o líder do atentado, Diógenes Carvalho Oliveira, na época membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), foi incluído na Lei da Anistia. Decreto publicado no Diário Oficial da União, em 24 de janeiro, garante a aposentadoria de R$1.627 mensais a Diógenes [líder do atentado e mais R$400 mil retroativos de indenização. Lovecchio, que trabalhou a vida toda como corretor de imóveis, aposentou-se com R$571].

A diferença das indenizações foi revelada ontem pelo jornalista Elio Gaspari. Corretor de imóveis em Santos, Lovecchio estudou Administração de Empresas, trabalhou com informática, foi casado, teve um filho, divorciou-se. Hoje vive em um apartamento com a mãe, em frente à Praia do Gonzaga. “O apartamento era do meu pai”, afirma o corretor.

Ele estava na capital paulista no fatídico 19 de março de 1968, para trabalhar com o pai, enquanto completava as horas de vôo para tornar-se piloto comercial. Os estilhaços da bomba deixaram cicatrizes nas pernas e nas costas. Oito dias depois, o jovem de 22 anos teve a perna esquerda amputada, pouco abaixo do joelho. A carreira de piloto ficou para trás, mas não o otimismo.(...)

Houve um período na minha vida – diz ele – em que eu não era tido como vítima, achavam até que eu era suspeito de ter colocado a bomba.”


Pois bem, vejam os senhores que coisa inacreditável o que está acontecendo neste País. Ele procurou o Presidente Lula, mandou carta, pediu ao pessoal do PT que falasse com o Presidente da República. Não é possível!

Quer dizer, o indivíduo que praticou um atentado terrorista colocou uma bomba, recebeu uma indenização do Governo e um salário para o resto da vida, R$400 mil retroativo. O pobre coitado, que estava indo trabalhar com o pai, que perdeu a perna em conseqüência da bomba, um inocente, não tinha nada a ver com o Consulado Americano, trabalhou como comerciário a vida toda, teve a carreira de piloto comercial interrompida, trabalhou como corretor de imóveis e aposentou-se com R$571,00

Eu não acredito que isso seja prática de justiça. Desculpem-me a palavra, não é parlamentar, é uma sacanagem isso! E há outras palavras piores que devem ser ditas, da revolta que isso provoca diante de um fato como esse.

O Presidente da República tem que vigiar essa Comissão de Anistiados aí, e depois nós temos que analisar. Essas pessoas não queriam implantar um regime democrático no País não; queriam implantar um regime pior do que a ditadura, que é um regime comunista, que destruiu o Leste Europeu, acabou com a União Soviética, destruiu vários outros países no mundo e que está destruindo a Colômbia com as Farc.

Queriam implantar uma Farc aqui no Brasil e não conseguiram. Então, temos que analisar um pouco o que é que eles queriam: uma ditadura pior do que a ditadura militar? É bom que se estude e que se veja isso. Era o apelo que queria fazer ao PT, aos amigos do Presidente da República: levem isso ao Presidente da República.

Não sou contra que aquele que colocou a bomba receba um prêmio de R$400 mil reais e um salário de um mil, seiscentos e pouco. Tantos podiam ter colocado bomba aí e estavam todos recebendo um salário melhor. Aposto que há muito aposentado aqui que, se soubessem disso teriam colocado uma bomba, recebiam um bom salário e ainda uma indenização. Mas, vamos ver que se faça um pouco de justiça com o outro que perdeu a perna, perdeu quase a vida, mas não perdeu o otimismo nesse atentado.

O algoz foi indenizado, a vítima não.

Muito obrigado, Sr. Presidente.





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