Organizações Democráticas da América (UnoAmérica), os atos de violência perpetrados nas cidades de Cobija e El Porvenir teriam acontecido a mando do governo de Evo Morales para conter o movimento de autonomia dos moradores locais, e não por ordem do governo local de oposição, como divulgado anteriormente. O episódio ficou conhecido como o Massacre de Pando, em referência ao departamento (Estado) onde aconteceram os conflitos.
A acusação apresentada à CIDH acusa o governo de Morales de delitos de lesa-humanidade. "O objetivo era assassinar, encarcerar, sequestrar e torturar a parcela da população que pensava de maneira autonomista", afirmou o delegado da UnoAmérica no Estado de São Paulo, Marcelo Motta, filiado aos Democratas (DEM).
Para elaborar o documento que será apresentado como denúncia, a UnoAmérica enviou representantes de organizações não-governamentais de direitos humanos a Pando, onde se localizam as cidades de Cobija e El Porvenir.
"Declarações de testemunhas presenciais dos fatos relataram com riquezas de detalhes o que aconteceu e responsabilizaram personagens do governo e membros do partido oficialista, o Movimiento al Socialismo de ter provocado os enfrentamentos e de ter violado friamente os direitos humanos", contou Motta.
Confrontos
Segundo o documento, em setembro de 2008, o partido Movimiento al Socialismo (MAS) recrutou cerca de mil camponeses de Pando para seguirem em direção à cidade de Cobija, a capital. O objetivo seria dissolver os protestos dos manifestantes a favor da autonomia e de exigir a renúncia do governador Leopoldo Fernández. O município de El Porvenir era caminho para a capital.
"Há provas de conversas entre Fernández e os chefes locais do Exército em que o governador pedia para desarmar os camponeses e impedir-lhes a passagem sob o risco de um massacre, mas a autorização não veio", afirmou. "Esse exército chegou, sequestrou alguns autonomistas para usá-los como escudo humano e os habitantes de El Porvenir saíram às ruas armadas. Aconteceram, então, os primeiros enfrentamentos."
Foi quando, de acordo com o relatório da UnoAmérica, o governo de Evo Morales culpou os autonomistas pela violência e ordenou a intervenção dos militares. Declarou-se estado de sítio e o governador de Pando, Fernández, foi preso e substituído por um funcionário militar.
"Logo, a cidade de Cobija foi tomada e muitos dirigentes autônomos tiveram de se exilar no Brasil”, disse Motta. “Os fatos parecem apenas a ponta do iceberg de um significativo número de homicídios, lesões corporais, torturas, sequestros, invasões ilegais de residências e capturas ilegais."
Na época, Morales justificou a designação do contra-almirante Landelino Rafael Bandeira como uma "obrigação do governo nacional (para)... garantir a paz, a tranquilidade, a ordem e a disciplina".
A denúncia será apresentada amanhã, mas já é possível acompanhar o processo. Acesse: http://www.politicaiberoamericana.blogspot.com/
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